A Junina Sassaricano, com seus vibrantes 21 anos de história, é um símbolo de tradição, alegria e perseverança. Nascida do amor pela cultura junina, a mesma conquistou corações e se firmou como uma das mais expressivas quadrilhas juninas do estado. Ao longo dos anos, este grupo não apenas preservou as raízes das festas juninas, mas também se reinventou, trazendo inovação e entusiasmo para cada apresentação. Com coreografias impecáveis, trajes deslumbrantes e uma energia contagiante, a Junina Sassaricano na Roça continua a encantar plateias e a levar o nome de nossa terra para além das fronteiras regionais. Este é um tributo a uma trajetória marcada por desafios, superações e um inabalável espírito de comunidade.

O grupo junino denominado “Quadrilha Junina Sassaricando na Roça” teve sua origem em fevereiro de 2003, sob a designação anterior de Caipiras do Novo Esperança. A atual nomenclatura foi selecionada em virtude da influência exercida por uma telenovela brasileira veiculada em 1987 e reprisada em 1990, intitulada “SASSARICANDO,” cujo autor é Silvio de Abreu. Inicialmente, os ensaios eram conduzidos em um campo de futebol de terra no bairro Esperança, porém, devido à impraticabilidade da localidade, foram transferidos para a ASSERMURB, no mesmo bairro.
Em face do aumento no número de participantes, esse espaço revelou-se insuficiente, culminando em uma nova mudança. A quadra de esportes próxima à escola Francisco Salgado Filho, no bairro Floresta, foi escolhida como novo local, contudo, a recepção desfavorável da comunidade local, que chegou a hostilizar os brincantes com ovos e pedras durante os ensaios, demandou uma nova busca por espaço. A Associação do Novo Esperança foi, então, selecionada como a última locação para os ensaios.
No curso da administração de Marcos Alexandre (01/01/2013 – 06/04/2018) , foram alocadas emendas destinadas à instauração de espaços dedicados às manifestações juninas. O início da criação destes espaços ocorreu sob a gestão do referido prefeito e foi perpetuado na subsequente administração municipal. Em 2015, concretizou-se a materialização de um espaço específico, situado na Rua São Matheus, nas proximidades da Caixa d’Água Nova Esperança, sob a égide da municipalidade.


Sabemos que a trajetória da Junina Sassaricano na Roça é um verdadeiro testemunho de perseverança, dedicação e paixão pela cultura junina. No início de sua jornada, a Sassaricano enfrentou inúmeros desafios e até mesmo a desconfiança do público. Em suas primeiras apresentações, o grupo, ainda inexperiente e sem os recursos adequados, era frequentemente vaiado. Os erros e tropeços iniciais eram inevitáveis, mas eles nunca permitiram que as dificuldades ofuscassem o amor e o compromisso com a arte junina.
Determinados a superar as adversidades, os membros da Junina se dedicaram incansavelmente a aprimorar suas habilidades. Ensaios rigorosos, a busca por conhecimento e a vontade de inovar foram constantes na vida do grupo. Aos poucos, a técnica aprimorada, as coreografias elaboradas e o entusiasmo contagiante começaram a transformar as vaias em aplausos. A cada nova apresentação, o grupo ganhava mais respeito e admiração, não apenas do público, mas também de jurados e críticos.
A virada de chave veio com a conquista dos primeiros títulos em festivais locais. Esses momentos de reconhecimento foram vitais para a moral do grupo, provando que todo o esforço e dedicação estavam valendo a pena. Motivados pelas vitórias iniciais, os integrantes da Sassaricano continuaram a se esforçar, elevando ainda mais o nível de suas performances.
Hoje, a Junina Sassaricano é uma campeã consagrada, carregando diversos títulos em seu currículo. As conquistas em competições regionais e nacionais são um reflexo do talento, da união e do espírito indomável do grupo. Cada troféu e medalha representam não apenas a excelência artística, mas também a superação de cada obstáculo enfrentado ao longo dos anos.

Títulos consagrados pela junina Sassaricano na Roça:
– Em 2010 a junina conquistou o 2º lugar no Arraial Brasil, realizado em Brasília/DF, nesse mesmo festival consagrou-se como melhor casal de noivos dançantes do Brasil.
– Campeã do Circuito Junino de Quadrilhas de Rio Branco.;
– Campeã do Festival de Quadrilhas do Sesc;
– Campeã do Festival Intermunicipal de Plácido de Castro;
– Campeã no Festival Intermunicipal de Xapuri, em 2023;
– Campeã do Concurso Estadual de Quadrilhas Juninas do Acre, em 2023;
– No ano de 2023, representou o Estado Acre no Concurso Nacional de Quadrilhas Juninas em Canãa dos Carajás – PA, conquistando 9º lugar.
– Atual Campeã do 16º Circuito Junino de Rio Branco, 2024.
– vice campeã do Festival Intermunicipal de Quadrilhas Juninas de Sena Madureira 2024
A história da Junina Sassaricano é um exemplo inspirador de como a determinação e o trabalho duro podem transformar sonhos em realidade. De um grupo vaiado em suas primeiras apresentações, a quadrilha se tornou um ícone da cultura junina, levando o nome do Acre com orgulho e emoção para palcos em todo o Brasil. A sua jornada continua a inspirar novas gerações, mostrando que, com paixão e persistência, é possível alcançar o sucesso e o reconhecimento merecido.
Em todo o Brasil as quadrilhas juninas são manifestações culturais ricas em tradição e alegria, e enfrentam inúmeros desafios para manter viva a chama da cultura popular brasileira. Apesar do entusiasmo e da dedicação de seus integrantes, a jornada para participar de festivais em outros estados é marcada por muitas dificuldades, especialmente no que tange ao apoio do poder público.
Nem só de beleza vivemos, manter esses grupos vibrantes e ativos requer mais do que paixão e dedicação; exige recursos financeiros consideráveis. Apesar de existirem diversas leis e projetos de incentivo à cultura, como a Lei Rouanet¹ (Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991) , a Lei Aldir Blanc² (Lei nº 14.399, de 8 de Julho de 2022) e os programas estaduais e municipais, esses mecanismos, infelizmente, não são suficientes para sustentar plenamente os grupos de quadrilhas juninas.
Essas leis e projetos são essenciais, fornecendo apoio financeiro crucial para muitos grupos culturais. A Lei Rouanet, por exemplo, permite que empresas e indivíduos destinem parte do seu imposto de renda para financiar projetos culturais. A Lei Aldir Blanc, criada em resposta à pandemia de COVID-19, destinou recursos emergenciais para apoiar artistas e grupos culturais. Além disso, programas estaduais e municipais frequentemente lançam editais específicos para manifestações culturais locais. No entanto, esses recursos são limitados e competitivos.
Para que um grupo de quadrilha junina possa usufruir desses incentivos, é necessário que seus projetos sejam aprovados em processos seletivos rigorosos. A aprovação depende de diversos fatores, como a qualidade da proposta, a relevância cultural do projeto e, muitas vezes, a capacidade do grupo de elaborar um projeto convincente e tecnicamente impecável. Esse processo pode ser desafiador para muitos grupos, que frequentemente carecem de recursos e expertise para desenvolver propostas competitivas.
Mesmo quando um projeto é aprovado, os recursos obtidos raramente cobrem todos os custos envolvidos na manutenção e nas atividades de um grupo de quadrilha junina. Transporte, figurinos, alimentação, hospedagem para apresentações fora da cidade ou do estado, além de custos administrativos, são despesas constantes que muitas vezes excedem os valores financiados. Isso força os grupos a buscar alternativas adicionais de arrecadação, como bingos, arraiais e vaquinhas solidárias, para complementar o orçamento.
A dependência de aprovação de projetos também cria uma incerteza financeira contínua, dificultando o planejamento a longo prazo. Grupos que não conseguem aprovação em um determinado ano podem enfrentar sérias dificuldades para manter suas atividades, o que ameaça a continuidade de tradições culturais tão importantes.
Portanto, embora as leis e projetos de incentivo à cultura sejam fundamentais, é evidente que eles não são suficientes para garantir a sustentabilidade completa dos grupos de quadrilhas juninas. É necessário um esforço contínuo e colaborativo entre governo, iniciativa privada e comunidade para criar um ambiente mais estável e de suporte para essas manifestações culturais. Somente assim poderemos assegurar que as quadrilhas juninas continuem a encantar e enriquecer a cultura brasileira por muitas gerações.
Essa insuficiência de suporte não apenas limita as oportunidades dos grupos de se apresentarem em festivais importantes, mas também impacta diretamente na continuidade e na qualidade das apresentações. Cada viagem representa não apenas a chance de competir e mostrar talento, mas também de trocar experiências, aprender e evoluir como artistas e cidadãos.
Muitas quadrilhas juninas recorrem a diversas formas criativas de arrecadação de fundos, como bingos, arraiais e vaquinhas solidárias. Os bingos são uma das formas mais populares de levantar dinheiro. Com cartelas acessíveis e prêmios atraentes, esses eventos conseguem reunir a comunidade em um ambiente de diversão e solidariedade. As quadrilhas organizam bingos em igrejas, salões comunitários e até em espaços públicos, garantindo que o evento seja inclusivo e alcance um grande número de pessoas. Além da arrecadação direta das cartelas, os bingos muitas vezes incluem vendas de comidas e bebidas típicas, incrementando ainda mais a receita.
Os arraiais são outra importante fonte de financiamento. Essas festas, ricas em tradição, oferecem uma experiência completa de cultura junina, com barracas de comidas típicas, brincadeiras, apresentações musicais e, claro, as esperadas danças de quadrilha. A venda de ingressos, alimentos e bebidas, assim como a participação em brincadeiras e rifas, gera fundos essenciais para a manutenção dos grupos. Além disso, os arraiais promovem a interação e o fortalecimento dos laços comunitários, essenciais para a continuidade das quadrilhas.

Em tempos de maior dificuldade financeira, as quadrilhas também recorrem às vaquinhas solidárias, tanto físicas quanto virtuais. As vaquinhas são campanhas de arrecadação onde cada pessoa contribui com o valor que puder. Com o advento das plataformas digitais, essas iniciativas ganharam ainda mais força, permitindo que as quadrilhas alcancem um público mais amplo e recebam doações de qualquer lugar. As redes sociais desempenham um papel crucial na divulgação dessas campanhas, ajudando a mobilizar simpatizantes da cultura junina e a arrecadar os fundos necessários.

Essas formas de arrecadação são fundamentais para que as quadrilhas juninas possam se preparar para as festividades, participar de competições e representar suas comunidades em eventos regionais e nacionais. Além disso, cada uma dessas iniciativas fortalece o sentimento de pertencimento e colaboração, mostrando que, quando a comunidade se une, a cultura popular não apenas sobrevive, mas prospera.
Portanto, é essencial que a sociedade e o poder público reconheçam e valorizem mais ainda o papel das quadrilhas juninas como guardiãs de nossa cultura e identidade. Mais do que entretenimento, elas são expressão de história, costumes e sonhos de muitas pessoas. Apoiar essas manifestações é investir na preservação de nossa rica herança cultural e na formação de um Brasil mais diverso e inclusivo.
É através dessa combinação de esforço, criatividade e solidariedade que as quadrilhas juninas conseguem manter viva uma das mais belas tradições brasileiras.
Referências
[1] – BRASIL. LEI Nº 8.313, DE 23 DE DEZEMBRO DE 1991. Institui o Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac) e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8313cons.htm. Acesso em: 05 de jul. 2024.
[2] – BRASIL, LEI Nº 14.399, DE 8 DE JULHO DE 2022. Institui a Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14399.htm. Acesso em: 05 de jul. 2024.
Imagens da Junina Sassaricano retiradas do Facebook Liga de Quadrilhas Juninas do Acre;
Imagens do espaço Junina Sassaricano retiradas do Google maps.
Artes de divulgação cedidas pelas autoras, Netty França e Helena Nascimento.
Por Helenayra Moreira do Nascimento – Bacharelanda em História pela Universidade do Acre (UFAC); Membro do Centro Acadêmico de História Bacharelado Pedro Martinello, e diretora financeira da Associação Atlética Acadêmica dos Cursos de História – Perversa.