Um levantamento realizado pela Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), revelou que 405 pacientes interromperam o uso da medicação e deixaram de comparecer às consultas médicas para o tratamento do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).
Além disso, os dados indicam um aumento alarmante no número de mortes causadas pelo vírus, com um crescimento superior a 60% nos óbitos relacionados ao HIV entre 2022 e 2023.
Em 2022, foram registradas 13 mortes diretamente ligadas ao HIV, enquanto em 2023 esse número subiu para 21. Jozadaque Beserra, Coordenador do Núcleo de Infecção Sexualmente Transmissível (IST), afirma que essa estatística acende um sinal de alerta para as autoridades de saúde e a sociedade em geral.
“O público jovem é o que mais tem se contaminado pelo HIV e também é o que mais tem abandonado o tratamento. Em dezembro, realizamos uma reunião com o promotor Thales Ferreira, do Ministério Público do Acre (MPAC), onde expressamos nossa preocupação enquanto Sesacre”, comenta o coordenador.
Ele explica que diante dessa situação preocupante, o MPAC recomendou à Sesacre a realização de buscas ativas para identificar os pacientes que abandonaram o tratamento e promover ações que incentivem esse público a retomar o acompanhamento médico.
“A ideia é traçar planos. Já temos um projeto em andamento, mas também queremos capacitar as equipes de saúde municipais para que saibam como abordar esses pacientes”, explica Beserra.
O abandono do tratamento é caracterizado quando o paciente não retira a medicação por mais de 100 dias, um indicador que preocupa os profissionais da saúde. Beserra explica que a interrupção do acompanhamento médico ocorre por diversos fatores.
“Isso se deve a vários fatores. Alguns pacientes não respeitam a gravidade da doença, talvez por não terem vivenciado a década de 80 e 90, quando a epidemia de HIV era mais devastadora. Outros se queixam da distância das unidades de saúde, como o Serviço de Atendimento Especializado (Sae), que fica longe para alguns, e também temos SAIs municipais em Sena Madureira e Cruzeiro do Sul. Há ainda aqueles que simplesmente não buscam tratamento, sem uma razão clara”, diz.
O coordenador ressalta a importância de entender os motivos que levam ao abandono do tratamento, para que medidas efetivas possam ser implementadas e os pacientes sejam reabilitados ao tratamento o mais rápido possível. Ele lembra que pacientes que seguem o tratamento do HIV e alcançam um estado indetectável não transmitem o vírus a outras pessoas, o que reforça a eficácia do Programa Nacional e Estadual de Saúde.
Matéria em vídeo produzida pela repórter Wanessa Souza parta o Agazeta.net
Estagiário supervisionado por Gisele Almeida