Conhecida como a Terra do Açaí, Feijó, no interior do Acre, celebra neste sábado, 21 de dezembro, 86 anos de história. Fundada em 1938, a cidade combina o extrativismo com raízes culturais profundas e segue trilhando um caminho de desenvolvimento.
O grande destaque do último ano foi a conquista da Indicação Geográfica (IG) para o açaí de Feijó, concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) em setembro de 2023. O selo reconhece a qualidade única do produto, associada às características naturais da região, como solo, vegetação e clima, além das práticas tradicionais de extração. Com isso, o açaí local passou a ter ainda mais valor agregado no mercado nacional e internacional.
A extração do açaí continua sendo a base da economia de Feijó, mas a cidade também avança em setores como pecuária e infraestrutura. Durante a atual gestão estadual, o governador Gladson Cameli anunciou investimentos significativos para o município.
“Cada município tem um papel fundamental no desenvolvimento do Acre. Feijó, com sua riqueza cultural e econômica, merece atenção especial, e estamos trabalhando para criar oportunidades e melhorar a qualidade de vida da população”, afirmou Cameli.
Segundo o Censo de 2022, Feijó conta com 35.426 habitantes, sendo 12% da população formada por indígenas, que desempenham um papel crucial na preservação da identidade cultural da cidade.
Raízes históricas e culturais
A história de Feijó remonta à chegada do navio Munducurus à foz do Rio Envira em 1879, trazendo imigrantes nordestinos que se uniram aos povos indígenas locais. O município nasceu do antigo Seringal Porto Alegre, que se transformou em vila em 1906 e foi elevado à categoria de município em 1938, recebendo o nome em homenagem ao Padre Diogo Feijó.
A cidade também mantém vivas as tradições dos povos originários, como os Huni Kuî, que realizam anualmente o Festival Katxá Nawá Hô Hô Ika na Aldeia Boa União. Este ano, o evento reafirmou o compromisso do governo com a valorização cultural.
Para o cacique Josimar Matos Kupi Huni Kuî, fortalecer as tradições é essencial. “Na época do meu pai, não tinha a aldeia da forma que a gente vive hoje. Agora, através de pesquisa, nós temos livros construídos, da música, dos kenês, [como estudos] do professor Joaquim Maná. E as escolas estão dando incentivo para que as cantorias e as histórias não sejam extintas”, declarou.
Marcada por sua riqueza cultural, econômica e histórica, Feijó segue como referência no Acre, especialmente pelo protagonismo na produção de açaí.