Em meio à recente repercussão sobre as falhas em exames que levaram à infecção por HIV de seis pacientes transplantados no Rio de Janeiro, o sistema de transplantes brasileiro está sendo questionado. No entanto, especialistas garantem que se trata de um caso isolado e destacam que, na maioria dos hospitais do país, incluindo a Fundação Hospital do Acre (Fundhacre), os procedimentos seguem rigorosos protocolos de controle e segurança, garantindo a qualidade do processo de doação até o transplante final.
O hepatologista Thor Dantas, referência na área, lamentou o ocorrido no Rio de Janeiro e explicou o nível de segurança que envolve esses procedimentos. “Todo o processo de segurança dos transplantes de órgãos e da transfusão de sangue segue normas nacionais rigorosas. O que ocorreu no Rio parece ter sido uma quebra grosseira de protocolos. Exames que deveriam ser feitos, não foram. É algo na esfera criminal”, afirmou Dantas, ressaltando que, ao obedecer os critérios estabelecidos, é possível realizar transplantes com segurança.
A Fundhacre, considerada referência em transplantes na região Norte, segue padrões internacionais estabelecidos pelo Ministério da Saúde e pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). Antes de qualquer coleta, os potenciais doadores passam por uma triagem rigorosa que inclui exames sorológicos e de imagem para descartar doenças transmissíveis. “Nossa meta é risco zero de infecções como o HIV”, afirmou Dantas.
Desde o início do programa, a Fundhacre já realizou 96 transplantes renais, 332 de córnea e 93 de fígado. Entre os próximos avanços previstos para o estado estão os transplantes intervivos, em que o paciente recebe o órgão de um doador ainda vivo, além de procedimentos combinados como o transplante duplo de fígado e rim.
O incidente no Rio de Janeiro, que está sendo investigado por infração sanitária e associação criminosa, levantou preocupações, mas especialistas afirmam que o caso não reflete a segurança do sistema de transplantes no Brasil. O país, que possui um dos maiores programas de transplantes do mundo, só fica atrás dos Estados Unidos em número de procedimentos realizados, e continua sendo referência em termos de segurança e eficácia.
“Esse episódio trágico e criminoso não deve abalar nossa confiança em um sistema que salva vidas todos os dias. Precisamos continuar motivados a sermos doadores e garantir que esse importante programa de transplantes siga salvando vidas”, concluiu Dantas.
Com informações do repórter Marilson Maia para TV Gazeta