Espírito
Um observador atento da rotina do Palácio Rio Branco (e com trânsito de relativa regularidade na corte) garante: “o homi tá triste”. A referência guarda relação com o governador Tião Viana. “Não tá como tava”, constata.
Espírito II
De fato, a agenda oficial diminuiu muito o ritmo, comparada ao frenesi do primeiro mandato. Nos quatro primeiros anos, em um só dia, era um turbilhão de exposição midiática: Tião segurando duas espigas de milho; Tião segurando um abacaxi; Tião levantando um saco de semente etc etc. E dá-lhe exposição.
Caiu a ficha
A intensidade da agenda teve que se render à rotina pautada pela crise. E aqui se faz referência não à crise política. Mas, à econômica mesmo. A diminuição dos repasses do FPE por parte do Governo Federal; a BR-364 se desmanchando com as chuvas; a falta de circulação de dinheiro; construção civil praticamente parada…
Rotina
Esse cenário abalou a rotina do governador. É visível. Não chega a ser um “cansaço físico”. Não é a coisa em si. É o espírito da coisa que anda acabrunhado. Some-se a isso o caos em que está metida a República em Brasília…
Outro detalhe
Tanto as questões relacionadas à economia, quanto à crise política trazida pela Lava Jato e suas dezenas de fases são fatores que fogem ao controle do modesto Palácio Rio Branco. A possibilidade de interferência é mínima.
O que resta?
O que resta, então? Reunir secretários, detalhar o que foi planejado em apresentações de power point, disparar press-releases com alguns milhões na manchete, tirar a foto e declarar: “Governo VAI investir tantos milhões na agricultura…” etc etc. É o que dá para fazer.
Bird
E claro… resta também rezar para que o dinheiro do Bird, efetivamente, comece a ser aplicado.
Sindicatos
Os sindicatos não alinhados sentem o momento de fragilidade do governo, em todos os níveis. A execução de uma agenda de desgaste da imagem, alinhada a uma real demanda não cumprida por parte do poder público, é a senha para protestos, paralisações 24 horas, manifestos em redes sociais etc etc. É oportunismo? Bem… é o jogo.
IstoÉ
Revista IstoÉ traz uma reportagem (no link http://www.istoe.com.br/reportagens/450027_UMA) que mostra os bastidores da loucura em que está o dia a dia no Palácio do Planalto. Pelo que foi apurado pela revista, é plenamente compreensível os discursos desconexos da presidente Dilma. A coisa está espatifada!
Artistas
Muitas críticas em relação ao movimento dos artistas que apoiam a presidente Dilma com o mantra militante do PT “Não vai ter golpe”. Mesmo quem apoia o impeachment… aliás, sobretudo quem apoia o impedimento da presidente, precisa ter calma nas avaliações.
Artistas II
Não se pode cobrar dos artistas dessa forma. Eles são agentes políticos? Sim, acabam sendo. Mas, e daí? Lembre o leitor: em 1989, se os artistas envolvidos na campanha de Lula tivessem tido algum tipo de influência no número de votos não haveria nem segundo turno. Seria uma vitória acachapante. No entanto… deu no que deu. Só a Claudia Raia, coitada, se aventurou no apoio a Collor e depois se arrependeu amargamente da decisão.
Deixem os artistas
Deixem os artistas em Paz! Outra coisa: é muito complicado reunir a obra do artista com o posicionamento político. Fosse assim, em sã consciência, não se ouviria “Tristão e Isolda”, de Richard Wagner, ou “Valquíria”. Wagner era inconstante nos posicionamentos, teve rompantes antissemitas (o que mais tarde lhe rendeu a simpatia dos líderes nazistas na Segunda Guerra Mundial). Karajan foi outro quase demonizado por ter regido obras de Wagner ao bunker.
Arte x Política
A relação de Arte com política rende teses e mais teses (aos “revolucionários de buteco”, por gentileza, não enviem e-mail lembrando Brecht). O que se quer dizer nesse momento é que essa discussão nem de longe é o prioritário para o país atualmente. Quem quiser ficar sem ouvir Chico Buarque que fique. A coluna sempre vai indicá-lo porque ele é bom. Simplesmente. O mesmo vale a Wagner Moura e tantos outros que declararam apoio à presidente. A coluna também não pode julgar um artista pelos posicionamentos politicos que este assume. A liberdade tem dessas coisas.
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Foto de ilustração: Gleilson Miranda