Por: Francisco Souza
Você tem a sensação de que pessoas em sua totalidade mentem, traem ou são interesseiras? Percebe que só consegue estabelecer vínculos com pessoas tóxicas? Tem dificuldades de estabelecer intimidade com pessoas? Ou frequentemente vive frustrações com suas relações sociais?
Isso pode não se tratar de sorte ou azar, de benção ou maldição de relações ou dedo podre pra relacionamentos. Sua mente pode estar condicionada pela desconfiança. Simplesmente sua psique chegou à conclusão que não se deve acreditar em pessoas, elas não são honestas ou sinceras. Assim sempre viverá agindo de maneira defensiva ou desconfiada no campo relacional, pois a ideia, é que as pessoas sempre vão agir de forma agressiva e intencional e que o ser humano é puramente egoísta, sendo capaz de fazer qualquer maldade para conseguir o que deseja.
Uma ação típica que você pode ter é excluir-se, esquiva-se de relacionamentos especialmente quando envolve a intimidade (não é a intimidade da atividade sexual, é o deixar que o outro conheça quem realmente eu sou), é como uma forma de “proteção” contra possíveis maldades relacionais. Geralmente pessoas com essa evitação acabam tendo pouquíssimos amigos, ou nenhum, e apresentam dificuldades em relações afetivas, influenciando fortemente sua área social. Um outro grupo de pessoas que possuem a crença da desconfiança acabam tendo comportamento de abusos e traições a outras pessoas, aqui trata-se de um comportamento preventivo e não de uma maldade intencional – “vou pegá-los antes que me peguem” Lembre-se daquelas pessoas que não conseguem deixar de trair.
A crença de desconfiança pode gerar também comportamentos de se tornar uma vítima real. A pessoa fica recriando inconscientemente situações de abusos e agressões. Sentem forte atração por pessoas agressivas, abusadoras, narcisistas, tóxicas, e o pior, com essas elas estabelecem vínculos de intimidade. A ciência explica que essas pessoas pode ter vivenciados traumas de abusos físico, psicológico, emocional e/ou sexual na fase da infância e/ou adolescência. Muitas das vezes feito por pessoas de “confiança”, de “amor”, “amigas”. Aprenderam que “amor” é agressão.
Agem recriando situações de abuso, apresentam forte ingenuidade a maldade nas ações tóxicas do abusador, costumam estabelecer forte confiança nessas pessoas, de forma a cega-se da agressão velada ou explicita que estão sofrendo, geralmente a vítima só tomará consciência quando o agressor a coloca numa situação vexatória que lhe causará grandes prejuízos. O abusador tem ganhos com sua vítima que podem ser financeiros, de status, sexuais, etc.
No entanto, há também os que de fato agem diretamente maltratando, abusando, violentando as pessoas com quais se relacionam, talvez ouviram muito na infância e na adolescência “eu te bato para o teu bem, para aprender… Aprender o quê? A ser violento, para resolver seus conflitos? Por isso a normalidade de comportamentos agressivos. Aprenderam, devo maltratar quem eu “amo”.
Alguns ainda se tornam “salvadores” de outros que sofreram abuso ou expressam indignação com pessoas que percebam como abusadoras, não estamos se referindo as pessoas que militam nos combates e punição aos diferentes abusos. E, sim de pessoas que se mostram paranoides a temática, ao ponto de polarizarem sua defesa vendo abuso em tudo e em todos.
Diante do exposto, é importante informar que se alguns dos pontos abordados esteja causando um sofrimento significativo em sua vida, é importante buscar um tratamento especializado através da psicoterapia. A terapia lhe auxiliará na compreensão, através de técnicas especificas de que embora algumas pessoas não sejam dignas de confiança, muitas outras o são.
É possível fazer uma psicoeducação sobre o bem estar que é produzido ao viver longe de pessoas abusivas, especialmente aqueles que abusam de maneira velada e a defender-se quando necessário. A base é ser próximo de pessoas que realmente mereçam confiança. É fundamental aprender a distinguir entre as pessoas que são dignas de confiança e as que não o são. Aqueles em vale a pena confiar, não precisam ser perfeitos, só precisam ser “confiáveis o suficiente”. Com pessoas que se tornam amigos e companheiros amorosos, escolhidos pelo espectro da confiança podem ficar à vontade para ser autênticos sem medo de desenvolver a intimidade. A terapia ensinará você, a ser você, de forma aberta e espontânea. As pessoas confiáveis geralmente irão trata-los bem em retorno e não lhe criticar ou dizer como deve se comportar.
Vale salientar que toda forma de abuso é crime e todas têm leis previstas para sua punição. O objetivo deste artigo é provocar a reflexão para a mudança e fortalecimento da vítima. Se você esteja vivenciando algum relacionamento abusivo procure ajuda de um profissional imediatamente.