Episódio evidenciou falhas por parte da base governista
Há algum tempo, o Governo não demonstrava tanta força no plenário da Aleac. A votação unânime (dentro da bancada de apoio presente) expôs polarização política dentro da própria Frente Popular mesmo em temas que, aparentemente, são consensuais.
Ninguém em sã consciência pode ser contra aparelhar uma instituição que trabalha pela defesa jurídica de quem é pobre. Então, o que fez com que esse consenso se transformasse em uma luta tão visceral nos bastidores?
Há vários fatores: falta de diálogo; má condução de ritos políticos em plena época de campanha; falta de controle por parte da presidência da Aleac; falta de articulação do líder junto à base aliada. São apenas alguns fatores que se pode enumerar rapidamente.
O deputado Éber Machado (PSDC), que pertence à Frente Popular, sai fortalecido do episódio? Depende do olhar. Para o Palácio Rio Branco (cujo medidor de confiança é um dos mais sensíveis), Machado agora não terá tempo para construir nova relação. Na fatura do deputado, outubro está perto demais. Para um ou outro defensor, talvez, o deputado tenha conquistado alguma simpatia.
Durante esta semana, Éber Machado ficou praticamente isolado. Ou teve apoio calculadamente discreto por parte de alguns colegas da Frente. O amparo estratégico ele encontrou nos ombros interessados de Wherles Rocha e Chagas Romão, companheiros da Comissão de Orçamento e Finanças.
O Palácio Rio Branco foi observando o movimento com alguma conformação. Mas, quando percebeu que a mobilização dos defensores não se enfraquecia e que o desgaste era ascendente, ligou o trator e começou a operar. E o fez “de com força”.
O parecer do líder do PT, que desmembra a “Emenda da Defensoria” da LDO, venceu por 14 a 4. Os derrotados foram Éber Machado (PSDC), Giberto Diniz (PTdoB), Wherles Rocha (PSDB) e Chagas Romão (PMDB). A segunda derrota da oposição (e de Éber Machado em particular) foi a votação da emenda de sua autoria. O placar foi o mesmo.
E agora? As feridas estão abertas. Reelegendo-se, o governador Tião Viana tem quatro anos para manobrar os recursos para a Defensoria ao seu gosto. Até tornar fraco o movimento de defensores que lhe sangrou a paciência nas últimas duas semanas.