Este é um livro que te faz enxergar o mundo de uma forma diferente. Contado em forma de “relatório de progresso”, uma espécie de diário, temos Charlie Gordon, um homem de 32 anos com deficiência intelectual grave. Ele será o primeiro humano a participar de uma cirurgia revolucionária que promete aumentar o seu Q.I. Após a cirurgia, a percepção de mundo do Charlie muda completamente, porém, mais conhecimento não gera mais felicidade.
Ao iniciar o livro, já se nota erros de ortografia e estrutura nos textos, tendo em vista que é contado pela visão do Charlie antes da cirurgia. Eu achei incrível que o autor, Daniel Keyes, tenha criado um personagem como Charles Gordon. Ele é sensível, cuidadoso e amável, e é incrível notar a evolução dele justamente na escrita do livro.
Antes de ler eu imaginei que o “Algernon” do título fosse o protagonista, mas ele na verdade é um ratinho de laboratório, o animal que também passou pela cirurgia de Q.I e com quem Charles vai competir em jogos antes e depois da cirurgia.
Se você gosta de livros tristes, saiba que este é. Ok, você também encontra muita crítica social, felicidade e aventura. Mas a experiência final para mim foi perceber a tristeza da realidade vista pelos olhos do protagonista. Não como um ponto negativo do livro, mas porquê ele simplesmente mostra a crueldade das pessoas e as consequências que a cirurgia traz (sim, spoiler) .
Deixo aqui alguns trechos, escritos da forma exata como está no livro, para que você conheça melhor a história. Também deixo um vazio no que diz respeito a história de vida do Charlie, acredite em mim quando digo que será bem melhor ele mesmo te contar depois que você iniciar a leitura.
“O Gimpy gritou com migo porque eu derrubei uma bandeja xeia de paezinhos crus que eu levava pro forno. Esses paezinhos sujarão e ele teve que limpar com um pano antes di botar pra cusinhar. O Gimpy sempre grita comigo quando faço uma coisa poco certa, mas ele gosta bastante de mim porque ele é meu amigo. Nossa se eu ficar intelijente ele vai se surpreender de mais. “
“Apenas pouco tempo atrás aprendi que as pessoas riam de mim. Agora consigo ver que inconscientemente me juntei a eles, rindo de mim mesmo. Isso dói mais que tudo.”
“Ninguém realmente começa algo novo… Todo mundo constrói em cima das falhas de outros homens. Não existe nada original na ciência. A contribuição de cada homem à soma de conhecimento é o que conta.”
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Amanda Oliveira é estagiária no site Agazeta.net e estudante de Jornalismo na Universidade Federal do Acre