Um levantamento realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), com o apoio dos conselhos regionais, revelou que o Estado do Acre enfrenta uma escassez de médicos, com menos de dois profissionais para cada mil habitantes. Essa proporção é considerada muito baixa, especialmente se comparada ao Distrito Federal (DF), que conta com quase seis médicos para cada mil habitantes. Além disso, proporcionalmente, é considerado o estado que mais exporta profissionais de saúde.
Os dados também indicam que a distribuição dos profissionais de saúde no Acre é mais concentrada na capital, Rio Branco, com 1.080 médicos, do que no interior do estado. Enquanto na capital a média é de 2,6 médicos para cada mil habitantes, no interior essa média cai para 1,4. Segundo o sindicato dos médicos do Acre, uma das principais razões para a saída de profissionais do estado é a defasagem no plano de cargos, carreiras e remuneração da categoria.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Médicos (Sindmed), Guilherme Pulici, o último censo do Conselho Federal de Medicina mostrou que 75% dos médicos estão concentrados em Rio Branco, enquanto apenas 25% atuam nos municípios do interior. Essa disparidade gera desafios na oferta de serviços de saúde, com quase o dobro de médicos por habitante na capital em comparação com o interior.
“Nós temos aqui, na verdade, um índice de 2,5 médicos para cada mil habitantes e o interior um e meio, aproximadamente. Chega a ser quase o dobro de médicos por habitante na capital. E isso se deve também ao fato de que o nosso PCCR, nosso plano de carreira, cargos e salários, está muito defasado em relação a outros estados. Isso causou um êxodo de bons profissionais, principalmente especialistas, que foram embora do nosso estado em busca de condições melhores de trabalho e remuneração”, explica o presidente do Sindmed.
A falta de atualização no plano de carreira e salários dos médicos do Acre tem levado muitos profissionais, especialmente especialistas, a deixarem o estado em busca de melhores condições de trabalho e remuneração em outras regiões. O presidente do sindicato dos médicos ressalta que, apesar da existência de cotas reservadas para a população local, o principal motivo do êxodo de profissionais é a defasagem salarial em relação a outras capitais.
“Tem questão também das cotas reservadas de 15% dos acreanos, mas eu creio que isso seja de menor importância. O mais importante para a gente, sem dúvida, é a questão de que o nosso salário está defasado em relação às outras capitais. Quando a gente lembra que antigamente as regiões norte e nordeste eram extremamente atrativas para profissionais que vinham do sul e sudeste, agora a gente está tendo uma situação inversa. Os dados que a gente tem é que, o Acre, proporcionalmente falando, é o estado que mais exporta profissionais”, conclui.
Tudo isso evidencia a necessidade de medidas para reter e atrair médicos para garantir um atendimento de qualidade em todo o território acreano. A distribuição irregular de médicos e a falta de atualização nos salários são desafios que precisam ser enfrentados para melhorar a prestação de serviços de saúde no estado.
Matéria em vídeo produzida pelo repórter Marilson Maia para o TV Gazeta