Na última sexta-feira (5), a Universidade Federal do Acre (Ufac) foi palco de um evento de apoio à reitora Guida Aquino, organizado pela própria Vice-Reitoria da instituição. A ocasião reuniu as pró-reitorias no hall da Ufac e contou com a leitura de uma carta assinada por 95 servidores, manifestando solidariedade à reitora diante das supostas críticas recebidas. Em resposta ao evento, a Associação de Docentes da Universidade Federal do Acre (Adufac) divulgou uma nota pública e criticou o uso do site institucional para atacar o Comando Local de Greve Docente (CLGD), além de lamentar a recusa da reitoria em conceder direito de resposta.
Durante a ocasião, o vice-reitor Josimar Batista Ferreira foi responsável pela leitura da carta, na qual condenou as supostas ações de membros do comando de greve, acusando-os de promover discursos que visam desonrar a reitora e desprestigiar sua trajetória na instituição. “A crítica à gestão administrativa é natural do processo político e institucional. No entanto, não deve servir para promover um processo de ataque pessoal”, concluiu a nota.
A reitoria também afirmou ser alvo de calúnia e deboche por parte dos professores. “Suspendemos as reuniões com o comando de greve, que nos desrespeita. Não querem ouvir nada da administração e nada da professora Guida. Só querem caluniar e debochar de todos nós”, declarou Guida Aquino, que segundo ela, reafirma seu compromisso até 2026. “Vou continuar honrando o voto de confiança que a universidade me deu. Foram momentos difíceis, que afetaram minha filha. Façam comigo, mas não façam com minha filha. Este ato de apoio me dá alento para continuar firme e forte.”
Em sua nota, a Adufac negou qualquer ataque pessoal à reitoria ou membros de sua gestão, afirmando que a acusação busca criar um ambiente adverso para o debate democrático e invalidar críticas legítimas. O CLGD esteve ativo durante 61 dias de paralisação, encerrada após o envio dos Princípios para Retomada das Atividades Docentes à reitoria.
“A gestão da Universidade criou o ambiente de acirramento ao se retirar da mesa de negociação e se negar a dialogar com a categoria em greve”, destacou a Adufac. A entidade reforçou seu compromisso com a defesa dos direitos das mulheres e criticou a tentativa da gestão de descaracterizar a luta dos docentes por melhores condições de trabalho. Letícia Mamed, presidenta da Adufac, concluiu a nota lamentando a manutenção de um ambiente hostil na instituição, mesmo após o término da greve.
Nota Pública da Adufac
Pela segunda vez, durante esta semana, a reitoria da Universidade Federal do Acre (Ufac) usa o site institucional para atacar o Comando Local de Greve Docente (CLGD) e, igualmente, se recusa a conceder direito de resposta à Associação de Docentes no mesmo espaço da instituição.
O CLGD esteve ativo no decorrer de 61 dias de greve e, na tarde de quinta-feira, 4, foi desfeito após encaminhamento oficial dos Princípios para Retomada das Atividades Docentes à reitoria.
Foram 61 dias de legítima representação da categoria e que não são desconhecidos pela comunidade acadêmica, tampouco pela gestão da Ufac.
Em absolutamente nenhum comunicado oficial, em nenhuma divulgação em redes sociais ou imprensa local foram desferidos ataques pessoais à reitora da Ufac ou a qualquer membro de sua gestão, muito menos a membros de suas famílias.
Essa infundada acusação, feita nesta data, em notícia publicada no site da Ufac, busca criar um ambiente turvo para o debate franco e democrático, bem como invalidar as críticas feitas aos gestores públicos, que ocupam funções públicas e que, por sua vez, possuem o dever de prestar os esclarecimentos à comunidade acadêmica.
O ambiente de acirramento, devemos lembrar, foi criado pela própria gestão da Universidade ao se retirar da mesa de negociação e ao se negar por quatro vezes (em dois comunicados e em dois ofícios) a dialogar com a categoria em greve
Assistimos desde então, uma intensa campanha na busca de transformar a crítica diante da ausência de prioridades para o ensino, pesquisa e extensão na Ufac, em um ataque pessoal ou mesmo um ataque à figura da reitora na sua condição de mulher, mãe e professora. Nada mais insensato.
Integrantes, tanto do CLGD quanto da diretoria da ADUFAC, possuem trajetória pública e reconhecida no campo da luta da defesa dos direitos das mulheres muito bem expressa em nossa própria pauta local, à exemplo da luta pela apuração célere das denúncias de assédio sexual no interior da Ufac, concomitante ao acolhimento de vítimas, bem como a luta pela construção de creches e fraldários
A Diretoria da Adufac lamenta profundamente que a atual gestão da reitoria tente descaracterizar a luta de professoras e professores da Ufac por melhores condições de trabalho e que continue a alimentar no interior da instituição um ambiente hostil, mesmo após o anúncio do término da greve.
Rio Branco (AC), 5 de julho de 2024
Letícia Mamed Presidenta da ADUFAC