Após dois anos de luta constante e falta de diálogo com as autoridades da Universidade Federal do Acre (Ufac), estudantes do curso de Licenciatura em História enfrentam um novo desafio. O Centro Acadêmico de Licenciatura em História Rômulo Garcia (Caliceh) foi intimado pela Prefeitura do Campus a desocupar o espaço físico que vinham utilizando, nesta última quarta-feira (10).
O curso de Licenciatura em História, um dos mais antigos da Ufac, sempre esteve na linha de frente das lutas por direitos estudantis. Recentemente, o centro acadêmico do curso tem lutado diretamente pela conquista e manutenção de um espaço físico adequado. No dia 29 de abril, o Caliceh ocupou um espaço no antigo prédio do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), visando oferecer um local de mobilização para todos os discentes.
A ocupação do espaço foi uma resposta à falta de apoio institucional. O centro acadêmico é uma entidade estudantil regulamentada pela Lei Federal nº 7.395 de 31 de outubro de 1985, reconhecida como associação sem fins lucrativos pelo Código Civil Brasileiro. Suas funções são diversas e essenciais para a representação e apoio aos estudantes.
“Após anos sem um espaço próprio, o Caliceh finalmente conseguiu ocupar um local que atende às suas necessidades. Contudo, a recente tentativa da Prefeitura do Campus de realocar o centro para um espaço inadequado, incapaz de comportar a demanda dos mais de 400 estudantes do curso, foi vista como um ato de deslegitimação do movimento estudantil.” afirmou estudante de história e presidente do centro acadêmico, Kassyus Augusto.

A direção do Caliceh pediu que as ações da Prefeitura do Campus fossem revistas e que os estudantes se mobilizassem para manter a ocupação do espaço. A entidade destacou a importância do centro acadêmico físico como uma conquista coletiva e símbolo de resistência estudantil.
No dia 11 de maio, Caliceh levou ao Conselho de Entidade de Bases (CEB), responsável por discutir e deliberar sobre as pautas e demandas dos estudantes, uma carta em defesa da ocupação do espaço. O documento, assinado por 18 entidades representativas, incluindo Centros Acadêmicos e o Comando Local de Greve (CLG), reafirmou a legitimidade da ocupação e solicitou o reconhecimento legal pela Prefeitura do Campus. Além disso, pediu melhorias no espaço ocupado, como a reforma dos aparelhos de ar-condicionado e a doação de um computador para auxiliar na pesquisa dos discentes.
“A carta de defesa da ocupação destacou a importância do espaço físico do centro acadêmico como local de descompressão, desenvolvimento de pesquisa, reuniões e interação entre os alunos. Apesar das dificuldades enfrentadas, a ocupação foi um ato legítimo e necessário para atender às demandas dos estudantes, que há anos enfrentam a falta de apoio institucional”, afirmou Augusto.
O estudante também destacou que, antes da ocupação, havia enviado quatro ofícios à Prefeitura do Campus, sem obter resposta positiva. A atual gestão do Caliceh decidiu tomar providências em relação à falta de respostas, ocupando simbolicamente o antigo CFCH e recebendo doações de alunos ao espaço.
Ao entrar em contato com a atual presidente do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Acre, Georgia Pereira, foi informado que ela se posicionaria sobre a questão assim que tivesse mais clareza sobre os assuntos pautados.
O centro acadêmico convocou, através das redes sociais, todo o corpo estudantil e a comunidade externa para um ato em frente ao Centro de Filosofia e Ciências Humanas nesta quinta-feira (11), às 15h, em busca de reivindicar o espaço.

Nota Prefeitura do Campus (Prefcam)
Gostaríamos de esclarecer que o espaço em questão está destinado para uso das atléticas, conforme acordado de forma consensual entre a Prefeitura, o Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) e a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Proaes). Essa decisão visa atender às necessidades das atléticas, proporcionando um ambiente adequado para suas atividades e contribuindo para o desenvolvimento do esporte e da integração entre os estudantes.