Após seis anos de espera, cinco policiais militares acusados de matar três pessoas, entre elas uma criança de 11 anos, durante uma operação no bairro Preventório, em 2018, serão submetidos a júri popular. O julgamento está marcado para o dia 4 de dezembro, no Tribunal do Júri, e deve durar ao menos três dias, dada a complexidade do caso.
A operação foi conduzida pelo Batalhão de Operações Especiais (BOPE) da Polícia Militar e tinha como objetivo combater o tráfico de drogas, desarticular um suposto cemitério clandestino e apreender armas ilegais na região. Durante a ação, os policiais alegam ter sido recebidos a tiros e responderam com disparos, resultando na morte de dois homens, identificados como envolvidos em atividades criminosas, e da criança, atingida por fragmentos de um projétil.
Segundo a defesa dos réus, o caso passou por uma longa tramitação judicial. Inicialmente, a juíza titular da 1ª Vara do Tribunal do Júri havia desclassificado o crime de homicídio doloso (com intenção de matar) para culposo (sem intenção), arquivando o processo contra alguns dos réus. No entanto, o Tribunal de Justiça reformou a decisão, determinando que o caso fosse julgado pelo júri popular.
O advogado Wellington Silva, que integra a defesa dos policiais, afirma que a operação foi legítima e realizada em conformidade com a lei. Ele ressaltou que os agentes estavam cumprindo ordens superiores e que a ação foi planejada para enfrentar a criminalidade em uma área considerada extremamente violenta.
“Os policiais foram recebidos a tiros e responderam à injusta agressão. Infelizmente, durante o confronto, um disparo atingiu uma cerca, e fragmentos do projétil acabaram ferindo fatalmente uma criança. Não foi um ato intencional; foi um incidente lamentável em um contexto de confronto armado”, afirmou Silva.
Ele também destacou que a perícia não encontrou correspondência entre o calibre do projétil que atingiu a criança e as armas utilizadas pelos policiais.
A morte da criança gerou forte comoção e debates sobre a conduta policial e o impacto das operações em áreas vulneráveis. Embora a defesa dos réus insista que a morte foi um trágico acidente, familiares das vítimas e organizações de direitos humanos questionam a abordagem utilizada, apontando possíveis excessos e falhas operacionais.
O julgamento será acompanhado de perto pela população e por entidades de direitos humanos. A expectativa é que sejam ouvidas testemunhas de acusação e defesa, além dos réus. A decisão ficará nas mãos de sete jurados, que avaliarão se os policiais agiram em legítima defesa ou se houve abuso de força letal na operação.
Com informações do repórter Luan Rodrigo para TV Gazeta