O início do julgamento dos policiais envolvidos na operação que resultou na morte de Maria Cauane, de 11 anos, acontece nesta quarta-feira (4), e foi marcado por um protesto emocionante dos pais da menina em frente à Cidade da Justiça. Proibidos de levar cartazes para o interior do tribunal, os familiares transformaram o espaço externo em palco de uma luta que já dura seis anos.
A mãe de Maria Cauane, emocionada, descreveu o impacto profundo da perda: “Parece que voltei àquele dia. É como se tudo estivesse acontecendo de novo. Passamos por um filme de terror. Minha filha morreu, e fomos humilhados. Hoje estamos aqui pedindo justiça, pedindo que não deixem isso impune.”
Maria Cauane foi morta em 14 de maio de 2018, durante uma operação policial no bairro Preventório. A investigação aponta que o disparo fatal, de uma carabina, saiu da arma do cabo Alan Melo Martins, que, junto ao sargento Antônio de Jesus Batista, responde pela morte da menina.
O pai da jovem, José, reforçou o sentimento de abandono que acompanha a família desde a tragédia: “Em seis anos, não recebemos nenhuma ajuda, nem financeira, nem psicológica, e sequer um pedido de desculpas. Parece que nossa filha não tinha importância, mas para nós e para Deus ela era tudo.”
Outras duas pessoas também perderam a vida na ação: Gleiton Silva Borges, atingido por uma bala perdida enquanto passava pelo local, e Edmilson Fernandes, alvo da operação. Pelos crimes, respondem o tenente Josemar Farias, o sargento Vladimir Soares da Costa e o cabo Raimundo de Sousa Costa.
O julgamento está sendo conduzido pela Primeira Vara do Tribunal do Júri e conta com mais de 40 testemunhas. A complexidade do caso e o número de envolvidos indicam que os trabalhos podem se estender por mais de um dia.
Os pais expressaram receio quanto à possibilidade de interferências no julgamento. Apesar disso, mantêm a esperança de que a morte de sua filha não será esquecida.
Com informações do repórter Adailson Oliveira para TV Gazeta



