Um levantamento realizado pelo portal QEdu revelou um cenário preocupante para a educação no Acre: apenas 5% das escolas públicas possuem bibliotecas. Este dado coloca o estado na última posição do ranking nacional de unidades de ensino com espaços dedicados à leitura. A ausência de bibliotecas reflete diretamente na formação dos estudantes, limitando o acesso a materiais de qualidade e ambientes propícios para o aprendizado.
Em uma Escola Estadual do bairro Universitário, uma sala foi adaptada para funcionar como biblioteca. Contudo, o espaço enfrenta desafios para atrair os alunos. A estudante Clara Chaves destaca que a falta de diversidade no acervo desestimula o interesse pela leitura. “Os livros que têm aqui são bem velhos, não tem muita opção. O ambiente não é bonito, então não chama atenção. Além disso, não tem nenhum livro realmente interessante”, comenta.
A situação não é isolada. Em muitas escolas do interior, espaços destinados ao arquivo de livros são usados como cozinhas, depósitos ou salas administrativas. Em Rio Branco, apenas duas escolas estaduais contam com bibliotecas completas, enquanto outras oferecem adaptações mínimas para leitura.
O secretário de Educação do Acre, Aberson Carvalho, defendeu o investimento em tecnologia como uma alternativa à ausência de bibliotecas físicas. Segundo ele, o governo distribuiu 42 mil tablets para os estudantes, permitindo acesso digital a diversos conteúdos. “O que a gente percebe é que o investimento do Estado em tecnologia, com os tablets e a internet, é para facilitar as pesquisas e o acesso à leitura”, afirmou. Carvalho também questionou os critérios do levantamento, que considera apenas bibliotecas com grande acervo e bibliotecários disponíveis.
A estudante Ariane Teixeira, no entanto, acredita que a tecnologia não substitui o impacto de uma biblioteca bem estruturada. “Muita gente na escola gosta de leitura, mas os livros disponíveis aqui não têm muitas informações relevantes. Merecemos um espaço maior e mais diverso”, diz.
O governo estadual planeja expandir as bibliotecas para as pequenas escolas, incluindo as rurais, mas o projeto ainda não saiu do papel. Enquanto isso, a falta de espaços adequados para leitura e a baixa conectividade continuam sendo barreiras. Um estudo realizado em 2022 apontava que mais de 80% das escolas acreanas não tinham acesso à internet ou bibliotecas.
Matéria produzida pelo repórter Adaílson Oliveira para a TV Gazeta.