Uma inspeção realizada na unidade de cuidados intensivos do Hospital da Criança, anexa ao Instituto de Traumatologia e Ortopedia do Acre (Into), revelou um cenário crítico que compromete o atendimento médico a crianças em estado grave. De acordo com o Sindicato dos Médicos, a UTI — que exige obrigatoriamente a presença contínua de profissionais de saúde — está operando sem número suficiente de médicos, colocando vidas em risco.
A situação foi considerada ainda mais grave após ser confirmado que a unidade, antes de cuidados intermediários, foi oficialmente transformada em UTI. Mesmo com a ampliação de leitos em setores como a enfermaria — que passou de 55 para 60 — a equipe de atendimento permanece reduzida. Isso significa que, em situações que demandam múltiplos atendimentos simultâneos, o único médico plantonista pode ter que escolher qual criança irá atender primeiro.
A deputada estadual Michelle Melo (PSB) afirma que a crise se agravou após o governo estadual suspender, no último dia 15, os contratos de 230 servidores provisórios da saúde, muitos deles especializados em áreas críticas como UTI e emergência. “Estamos recebendo denúncias de escalas furadas, leitos de UTI bloqueados porque não há pessoal suficiente para atender. Realmente, estamos vivenciando um momento de muito caos dentro da saúde do Estado do Acre”, denunciou a parlamentar.
A preocupação também foi compartilhada pelo deputado Adailton Cruz (PSB), presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Acre. Ele destacou os impactos da demissão sobre a qualidade do serviço e o drama vivido pelos profissionais dispensados: “São pais e mães de família que estiveram na linha de frente da pandemia, alguns adoeceram, ficaram com sequelas, e agora enfrentam o desemprego. O que nos preocupa também é que esses profissionais eram qualificados e experientes, e os que entram agora precisam de tempo para se adaptar e garantir um atendimento adequado”.
Cruz afirmou que pretende reunir deputados para realizar uma visita técnica aos setores mais afetados da rede estadual. Segundo os parlamentares, a Secretaria de Saúde pretende manter apenas 22 dos 230 profissionais desligados, número considerado insuficiente para a atual demanda da rede pública.
Diante do quadro alarmante, os parlamentares cobram do governo estadual uma solução urgente para evitar a sobrecarga dos plantonistas e o colapso do sistema de saúde pediátrica no estado.
Com informações do repórter Adailson Oliveira para TV Gazeta