Em entrevista ao Gazeta Entrevista nesta quinta-feira (15), o presidente nacional do Solidariedade, Paulinho da Força, criticou duramente o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e afirmou que o país vive um processo de desgaste político com a polarização entre esquerda e direita.
Para ele, a tendência para as eleições de 2026 é que a sociedade busque uma alternativa mais ao centro. “A polarização entre extremos está cansando as pessoas. Aquela disputa constante entre petistas e bolsonaristas perde espaço para o debate real sobre emprego, educação, saúde e renda. O Brasil precisa sair disso”, afirmou.
Paulinho também fez críticas à condução do atual governo e revelou que, apesar de ter votado em Lula pela primeira vez, já se arrependeu da escolha. “O governo Lula é desastroso. Os preços subiram, a inflação disparou, e ainda tivemos um escândalo bilionário no INSS. Eu mesmo fui vítima, descobri que descontaram R$ 81,50 da minha aposentadoria sem autorização”, relatou.
CPI do INSS e escândalo bilionário
O presidente do Solidariedade revelou que o partido prepara a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o que chamou de “o maior assalto da história do Brasil”: o esquema de descontos indevidos na folha de aposentados e pensionistas. A fraude, segundo ele, desviou mais de R$ 6 bilhões.
“Essa denúncia foi feita por nós há dois anos e chegou ao Tribunal de Contas da União. Milhões de aposentados foram lesados. É um roubo silencioso, contínuo e cruel”, declarou.
Sem Lula, sem Bolsonaro: caminho do centro
Questionado sobre o cenário eleitoral de 2026, Paulinho acredita que Lula será o único nome viável para a esquerda, enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente inelegível, dificilmente voltará a disputar eleições.
“O Lula será a única opção da esquerda, mas nós não estaremos com ele. Também não será com Bolsonaro pois dificilmente ele escapa da cadeia. Vamos trabalhar por uma candidatura mais civilizada, de centro-direita, com foco no desenvolvimento. E acredito que o nome mais forte hoje para isso é o Tarcísio de Freitas”, disse.
Paulinho também criticou o que chamou de “aparelhamento” do governo por parte do PT e defendeu que o Brasil precisa discutir projetos concretos, como reforma tributária, geração de emprego e melhoria dos serviços públicos.
“Ao invés de abrir o governo e dialogar com outros setores, Lula está fechando ainda mais e tentando manter os seus próximos para depois ampliar. Isso é um erro político”, avaliou.
Solidariedade e a articulação nacional
Sobre a situação do Solidariedade no cenário político, o dirigente destacou o crescimento da legenda em vários estados e a chegada de nomes importantes ao partido, como Marília Arraes (PE), Delegado Francischini (PR) e Reguffe (DF). No Acre, ele elogiou a condução da sigla por Afonso Fernandes.
Paulinho ainda afirmou que o maior desafio da legenda, neste momento, é a construção de federações partidárias para viabilizar a montagem de chapas competitivas para o Congresso Nacional.
“Organizar um partido nacionalmente num país do tamanho do Brasil não é fácil, mas estamos avançando. A federação será crucial para garantir representação e força eleitoral em 2026”, concluiu.