O caso da recém-nascida Aurora Maria Oliveira Mesquita, que sofreu ferimentos graves após o primeiro banho ainda no Hospital da Mulher e da Criança do Juruá, em Cruzeiro do Sul (AC), trouxe à tona um tema crucial e, por vezes, subestimado: os cuidados com o banho de bebês nos primeiros dias de vida.
Segundo relatos do pai da criança, a lesão teria sido causada por água excessivamente quente, resultando no deslocamento da pele do corpo da recém-nascida, especialmente nos membros inferiores. Após os primeiros atendimentos em Cruzeiro do Sul, Aurora foi transferida para a Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco, e, posteriormente, encaminhada para um centro especializado em Belo Horizonte, onde segue internada em estado delicado.
Diante da gravidade do caso, que está sendo investigado pelo Ministério Público do Acre com suspeitas de negligência, especialistas voltam a destacar a importância dos cuidados técnicos e da sensibilidade durante os momentos de higiene do bebê — especialmente nas primeiras horas e dias após o nascimento.
O médico pediatra Guilherme Pulici reforça que o banho em recém-nascidos exige uma série de precauções. “São diversos cuidados que a gente tem que tomar. Alguns são antigos conhecidos nossos, como posicionar bem a banheira em uma altura confortável para evitar acidentes. Também é essencial verificar a temperatura da água, que deve estar entre 36,5 °C e 37,5 °C”, explica.
Pulici alerta que métodos simples podem evitar acidentes, como testar a água com o punho ou cotovelo, áreas mais sensíveis à temperatura. E enfatiza: “Deve-se tomar muito cuidado com o uso de água fervida, que pode causar lesões severas, como aparentemente ocorreu nesse caso de Cruzeiro do Sul”.
Além da temperatura da água, outros pontos merecem atenção, como a posição correta para segurar o bebê, sempre apoiando bem a cabeça e o pescoço, o uso moderado de sabonetes e a proteção contra correntes de ar frio. “Evite janelas e portas abertas durante o banho e agasalhe bem o bebê logo após secá-lo”, acrescenta o pediatra.
Sobre o caso de Aurora, Pulici considera plausível que a principal hipótese seja a de queimadura por escaldadura. “Pela progressão das lesões nos membros inferiores, acredita-se que a água realmente estivesse acima do adequado. A queimadura pode provocar bolhas, infecções e até quadros de sepse, como já observado clinicamente.”
A situação de Aurora segue mobilizando atenção dentro e fora do Acre. Enquanto a investigação busca esclarecer responsabilidades e eventuais falhas da equipe hospitalar, especialistas reforçam: banho em recém-nascido é um ato de cuidado e afeto, mas deve ser feito com conhecimento, atenção e respeito à fragilidade do bebê.
O caso permanece sob apuração e reacende o alerta para a formação contínua de equipes hospitalares e o envolvimento atento das famílias nos primeiros cuidados com os recém-nascidos.
Matéria em vídeo produzida pelo repórter Marilson Maia, para TV Gazeta.



