Juliana Valdivino da Silva completaria 19 anos no próximo dia 23 de julho. Sonhava em ser veterinária. Mas a vida da jovem, nascida no Acre, foi brutalmente interrompida em 9 de setembro do ano passado, após um ataque violento promovido pelo ex-namorado, Djavanderson de Oliveira Araújo, de 20 anos. Inconformado com o fim do relacionamento, o acusado ateou fogo no corpo de Juliana, que teve 90% da pele atingida pelas chamas. Depois de 16 dias internada, lutando contra a dor e tentando sobreviver, a jovem não resistiu.
O crime aconteceu em Paranatinga, a 250 quilômetros de Cuiabá (MT), cidade onde Djavanderson havia convencido Juliana a morar meses antes. A história, no entanto, começa anos antes. Em 2021, preocupada com o envolvimento da filha com o então namorado, a família de Juliana, que vive em Porto Acre, decidiu enviá-la ainda adolescente para morar em Cuiabá. O motivo da preocupação era o histórico familiar do rapaz: os pais de Djavanderson foram condenados por assassinar um homem no Pará, com tiros e depois ateando fogo no corpo.
Mesmo com a mudança de estado, o relacionamento persistiu. Em 2023, Djavanderson reencontrou Juliana em Cuiabá e conseguiu convencê-la a ir viver com ele em Paranatinga, onde moravam parentes dele. Segundo relatos da mãe da vítima, Rosicléia Valdivino, Juliana logo percebeu que não queria continuar com o companheiro. No dia do crime, ela chegou a pedir passagens para retornar ao Acre e manifestou intenção de buscar uma medida protetiva junto à polícia após ter sido ameaçada.
Mas antes que pudesse sair da cidade, Djavanderson comprou gasolina em um posto, foi até a casa onde Juliana estava, jogou o combustível sobre o corpo da jovem e ateou fogo. De acordo com o depoimento da mãe, a intenção do agressor era deixá-la inconsciente e simular um acidente, mas Juliana resistiu e foi brutalmente agredida antes de ser incendiada.
Durante os 16 dias de internação, Rosicléia esteve ao lado da filha. “Foram 16 dias de sofrimento. Mas foram 16 dias em que pude conversar com ela, que mesmo com dor, teve força para viver”, lembra. A jovem morreu em decorrência das graves queimaduras.
Nesta sexta-feira (11), o acusado será julgado pelo crime de feminicídio, em sessão marcada para acontecer no Fórum de Cuiabá. Por orientação da Justiça e por razões de segurança, Rosicléia não viajará para o Mato Grosso. A mãe da vítima acompanhará o julgamento de forma remota, temendo represálias por parte da família do réu.
“Minha mãe me pediu para não ir. Ela já é viúva, perdeu um filho, está com medo. A Justiça também recomendou. Eu vou respeitar. Mas eu vou assistir. Eu vou enfrentar com a força que Deus está me dando”, afirma.
Com informações do programa Balanço Geral Acre, da TV Gazeta.



