Conseguir a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) no Acre pode pesar no bolso. O valor médio para tirar a habilitação na categoria AB, que inclui carro e moto e é uma das mais comuns, gira em torno de R$ 2,6 mil. Dependendo da forma de pagamento e da quantidade de tentativas nas provas, o custo pode ultrapassar os R$ 3 mil.
Segundo o presidente do Sindicato das Autoescolas no Acre, Queffren Licurgo, a dificuldade em reduzir o preço está ligada à estrutura mínima exigida pelo governo para o funcionamento dos Centros de Formação de Condutores (CFCs).
“Às vezes, se a habilitação é cara, ela é cara porque o processo exige muita coisa. Um CFC precisa ter pelo menos dois carros, duas motos, um diretor-geral, um diretor de ensino, secretaria, sala de aula com metragem mínima e pista de treinamento. Tudo isso onera”, explicou Licurgo.
Além das aulas teóricas e práticas, o candidato precisa arcar com exames médicos, psicológicos e taxas de prova. Em caso de reprovação, ainda há o custo adicional para o reteste.
De acordo com dados do governo federal, apenas 46% da população brasileira possui CNH, o que significa que mais da metade do país não está habilitada para dirigir.
Recentemente, o ministro dos Transportes, Renan Filho, afirmou ter a intenção de baratear o processo, retirando a obrigatoriedade de o aluno passar por uma autoescola. Pela proposta, o candidato precisaria apenas de um instrutor autônomo credenciado pelo Detran e um veículo cedido, tendo como exigência final a aprovação nas provas teórica e prática.
A ideia, no entanto, é criticada pelo sindicato. Licurgo aponta riscos à segurança no trânsito caso a formação ocorra fora da estrutura atual:
“O carro de autoescola tem duplo comando. Se o aluno fizer algo errado, o instrutor pode evitar um acidente. Já vimos casos de pessoas treinando por conta própria e batendo o veículo por falta desse recurso”, destacou.
Para o sindicato, manter o controle e a fiscalização das aulas é fundamental. Em Rio Branco, existem 19 CFCs em funcionamento.
“Se já é difícil o Detran controlar 19, imagine instrutores autônomos espalhados. A presidente Tainara e o diretor Anderson têm um diálogo muito bom com a categoria e entendem que a autoescola garante uma formação mais segura e de qualidade”, afirmou Licurgo.
O Detran do Acre informou que continua priorizando ações de prevenção e segurança no trânsito, e que segue acompanhando o debate sobre possíveis mudanças no processo de habilitação no país.
Com informações do repórter João Cardoso para TV Gazeta



