O Concurso Público Nacional Unificado (CNU), realizado no último domingo (5), conhecido como o “Enem dos Concursos”, registrou um dos maiores índices de abstenção no Acre. Dos 4.101 inscritos no estado, apenas 2.207 compareceram às provas aplicadas em Rio Branco e Cruzeiro do Sul. Isso significa que 50,3% dos candidatos faltaram, percentual superior à média nacional, que foi de 42,8%, segundo o Ministério da Gestão e da Inovação (MGI).
Brenda Siqueira, acreana formada em recursos humanos, foi uma das inscritas que decidiu não participar da avaliação. Ela conta que, apesar da expectativa inicial, não conseguiu se preparar.
“Eu me inscrevi quando soube que teriam muitas vagas para a minha área de formação, só que infelizmente não consegui estudar. Como eu sei que a concorrência para um concurso nacional é muito maior do que estamos acostumados aqui no estado, acabei optando por não ir. Por não estar preparada, achei que a melhor opção era não participar”, disse.
O especialista em pré-concursos Emerson Silva avalia que a falta de clareza sobre as regras e a abrangência das vagas desmotivou candidatos em todo o Brasil.
“Analisando dentro de um contexto, a desinformação sobre as vagas relacionadas ao bloco de conhecimento fez com que muitos percebessem que concorreriam a cargos em nível nacional, e não apenas local. Além disso, a carga de disciplinas exigidas é muito diferente do que estamos acostumados a ver, o que acabou afastando boa parte dos candidatos”, explicou.
Segundo ele, o conteúdo cobrado apresentou barreiras adicionais.
“Seriam disciplinas que não fazem parte da praxe de concursos anteriores. Até mesmo encontrar bibliografia de referência foi um desafio, já que não há material disponível de forma acessível. Isso desestimulou muita gente”, completou.
Em todo o país, mais de 760 mil pessoas se inscreveram no CNU, mas pouco mais de 436 mil participaram das provas. Além do Acre, estados como Amazonas, Ceará e Sergipe também registraram índices elevados de abstenção.
Apesar da desistência, muitos acreanos ainda mantêm a esperança em conquistar uma vaga no serviço público. A estudante Brenda Siqueira afirma que a realidade de quem sonha com estabilidade é marcada por obstáculos.
“Eu tentei me preparar, só que meu computador quebrou e surgiram vários imprevistos. A prova, inclusive, era até perto da minha casa, bem diferente da edição passada, que foi em um local distante. Infelizmente eu não sabia que a desistência seria tão grande. Se soubesse, talvez tivesse me arriscado a participar”, concluiu.
No Acre, o concurso ofereceu oportunidades em 32 órgãos federais, incluindo uma vaga para engenheiro agrônomo no Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar.
Com informações do repórter Marilson Maia para TV Gazeta e editada pelo site Agazeta.net



