O Hospital de Saúde Mental do Acre (Hosmac), única unidade pública voltada ao tratamento de pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, pode ser fechado nos próximos anos. A medida faz parte de um acordo firmado entre o Ministério Público do Acre (MPAC) e o Governo do Estado, que prevê a reestruturação e expansão da Rede de Atenção Psicossocial. Dentro desse plano, está prevista a desinstitucionalização do Hosmac, que deve ocorrer de forma gradual, com prazo máximo de três anos para o encerramento total das atividades.
A proposta, no entanto, tem gerado repercussão negativa entre usuários do hospital, familiares e parlamentares.
Pacientes atendidos na unidade afirmam que o fechamento do hospital representaria um retrocesso no cuidado à saúde mental no Acre.
“Eu acho um desrespeito, primeiramente, é um absurdo. A população precisa que as coisas melhorem, mas parece que está regredindo. Tem gente que vem de longe, de lugares de difícil acesso, e precisa desse atendimento. Não tem condições, não há possibilidade de acabar com o hospital”, disse uma usuária que realiza tratamento no Hosmac.
A possibilidade de fechamento foi tema da sessão desta terça-feira (11) na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac). O deputado estadual Adailton Cruz foi o primeiro a se manifestar contra a proposta.
O parlamentar classificou a medida como “um retrocesso” e questionou a capacidade da rede pública em absorver a demanda que hoje é atendida pelo Hosmac.
“Hoje nós só temos esses 65 leitos do Hosmac como referência para atendimento integral aos pacientes graves que precisam de assistência hospitalar contínua. Fechar o hospital e substituir por uma rede que tem apenas 14 leitos ativos é inviável. Isso é um risco para os pacientes, para as famílias e até para a sociedade”, afirmou Cruz.
Segundo o plano apresentado, a desativação do hospital seria compensada pela implantação de seis leitos de saúde mental em unidades hospitalares do estado. No entanto, o parlamentar argumenta que o número não é suficiente para atender a demanda atual.
Como forma de resistência, Adailton Cruz informou que está organizando uma série de manifestações públicas. O primeiro ato deve ocorrer na próxima quinta-feira (13), com participação de moradores da Baixada da Sobral, Plácido de Castro, regiões que concentram pacientes atendidos pelo Hosmac.
Além disso, o deputado anunciou uma audiência pública para o dia 24 deste mês, que contará com a presença de representantes do Ministério Público, da Secretaria de Saúde, profissionais da área e lideranças comunitárias.
“Ninguém concorda com o fechamento do Hosmac. Vamos deixar claro que isso é um prejuízo imenso para a saúde pública e, principalmente, para os nossos pacientes com transtornos mentais”, concluiu.



