A trajetória de Nabor Teles da Rocha Júnior, um dos nomes mais longevos e influentes da política acreana, se confunde com a própria história do estado. Parlamentar durante 40 anos ininterruptos, ex-deputado estadual, ex-deputado federal, ex-governador e ex-senador, Nabor completou 95 anos neste mês como um dos personagens mais admirados por aliados e adversários, lembrado tanto pela firmeza com que enfrentou a ditadura militar quanto pela habilidade de dialogar em um ambiente político marcado por tensões e disputas.
Descrito por gestores e figuras públicas como um líder “íntegro”, “democrático” e “conciliador”, Nabor Júnior deixou como marca uma atuação que aliava coragem, experiência e respeito às instituições. Para o secretário adjunto João Correia, ele foi “um dos governadores mais democráticos e íntegros que o Acre já conheceu”.

Da resistência à ditadura à construção de novas lideranças
A vida pública de Nabor Júnior começou antes mesmo do golpe militar. Ele ingressou na política em 1962, eleito deputado estadual pelo PTB. Quando o regime ditatorial se instalou e o então governador José Augusto de Araújo foi deposto, Nabor manteve-se na ativa e tornou-se uma das vozes mais firmes contra o autoritarismo.
Segundo João Correia, sua postura durante o período militar foi decisiva para moldar sua reputação:
“Nabor Júnior surgiu como político durante a ditadura militar. Combateu-a sem quartel. Implacavelmente!”
Essa resistência o conduziu a uma das vitórias eleitorais mais simbólicas da história acreana. Em 1982, ainda durante a vigência da ditadura, Nabor venceu o candidato da ARENA/PDS, Jorge Kalume, tornando-se o primeiro governante oposicionista eleito no período.

O governador que abriu caminhos
No governo do Acre (1983–1986), Nabor Júnior é lembrado por abandonar práticas de centralização e impor uma nova lógica de diálogo. A ele é atribuída a implantação de um ambiente político mais democrático nas relações com outras forças partidárias.
Entre suas ações estratégicas, destaca-se a indicação de Flaviano Melo à prefeitura de Rio Branco, uma escolha decisiva no fortalecimento do MDB no estado.
“A implantação dos processos democráticos nas relações políticas com as demais forças foi sua maior conquista”, afirma João Correia.

Honestidade, serenidade e compromisso público
Nabor Júnior é frequentemente lembrado como um político avesso ao personalismo e às práticas autoritárias. Para o secretário Aldemir Lopes, do MDB, sua maior qualidade era transformar promessa em entrega:
“O cumprimento do que prometia deu a ele muita credibilidade.”
Ele também ressalta que o ex-governador unia firmeza e simpatia, qualidades que ajudaram a consolidar sua imagem de liderança democrática:
“Uma pessoa séria, mas simpática e carismática, pressuposto elementar para um bom político.”
Apesar da longa carreira, Nabor jamais deixou o MDB, partido ao qual permaneceu fiel até hoje e do qual é presidente de honra.
Quarenta anos de mandatos e uma biografia que atravessa gerações
Entre 1962 e 2002, Nabor Júnior ocupou cargos legislativos e executivos sem interrupção. Foi deputado estadual, deputado federal, governador, senador por dois mandatos e membro ativo da Assembleia Constituinte de 1988, onde chegou a ocupar a vice-presidência da Comissão da Organização do Estado.
Também recebeu condecorações nacionais importantes, como a Ordem do Mérito Militar, a Ordem do Rio Branco e outras honrarias concedidas por diferentes instituições.
Aos 95 anos, hoje residindo em Brasília, segue sendo uma das vozes mais respeitadas do MDB e uma referência política para o Acre.
Com informações de Gisele Almeida, para o site agazeta.net



