O empresário Tarcísio Araújo da Mota, marido da cantora acreana Nayara Vilela, irá a júri popular pela morte da artista. A decisão foi tomada pela Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC) na terça-feira (18), acolhendo um recurso do Ministério Público do Acre (MPAC) contra a impronúncia decretada pela 2ª Vara do Tribunal do Júri e Auditoria Militar de Rio Branco.
Nayara Vilela foi encontrada morta na noite de 24 de abril de 2023, na casa onde morava com o marido, na Estrada das Placas, em Rio Branco. As investigações buscavam esclarecer se ela havia sido instigada ao suicídio ou se o caso configurava feminicídio. Em janeiro de 2024, o MP denunciou Tarcísio por feminicídio, violência doméstica e omissão.
A impronúncia do empresário havia sido decretada em maio deste ano, após audiência de instrução. Com o recurso do MP aceito por dois dos três desembargadores, Denise Bonfim e Samoel Evangelista, a decisão foi revertida. O desembargador Francisco Djalma votou pela manutenção da impronúncia.
MP aponta ambiente de agressões psicológicas
Ao recorrer, o Ministério Público argumentou que Nayara vivia em um ambiente marcado por sofrimento emocional e controle psicológico.
A procuradora-geral Kátia Rejane, autora do recurso, afirmou que a vulnerabilidade da artista não elimina a responsabilidade penal de Tarcísio:
“O argumento de que Nayara já apresentava ansiedade ou depressão preexistentes não exclui a responsabilidade penal nem afasta o nexo principal. Pelo contrário, importa a gravidade da conduta, pois o denunciado tinha ciência de sua vulnerabilidade e, mesmo assim, intensificou a violência psicológica.”
Segundo ela, vídeos anexados ao processo mostram o empresário filmando Nayara em sofrimento sem agir para evitar o desfecho fatal.
Ainda não há data definida para a realização do júri popular. A defesa de Tarcísio informou à imprensa que irá recorrer ao Pleno do Tribunal de Justiça, composto por 12 desembargadores.



