O Acre registra, pelo terceiro ano consecutivo, redução nos casos de HIV, segundo dados do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan). Em 2023, foram 317 diagnósticos confirmados. Em 2024, o número subiu para 353, mas voltou a cair em 2025, somando 280 registros até o momento.
Com a chegada do dezembro vermelho, as instituições de saúde do Estado direcionam esforços para reforçar a prevenção, ampliar o acesso aos testes rápidos e divulgar informações sobre formas de proteção e tratamento.
O termo correto para se referir a quem convive com a doença é pessoa vivendo com HIV. Uma delas, que prefere não ter a identidade divulgada, descobriu o diagnóstico durante uma ação de saúde nas ruas e relata os desafios enfrentados desde então.
“Há cerca de três anos, através de uma campanha de teste rápido na rua. A medicação gera um certo desconforto, mas até o organismo se acostumar. O preconceito é a principal dificuldade. As pessoas ainda julgam muito sem compreender o que é conviver com HIV. Acho que conhecimento é tudo, primeiro elas têm que conhecer para depois julgar as pessoas”, conta.
Entre os fatores que contribuem para a queda dos casos no Acre está a ampliação do acesso à PrEP – Profilaxia Pré-Exposição ao HIV, que previne a infecção antes da exposição ao vírus. Segundo Jozadaque Bezerra, chefe do Núcleo de ISTs da Sesacre, o Estado segue a tendência de países onde a PrEP já é amplamente utilizada.
“A gente já vê a importância que foi a expansão da PrEP aqui no Estado. Nos países de primeiro mundo que já vêm trabalhando com PrEP, essa tendência de redução é cada vez maior”, afirma.
Bezerra também destaca que houve redução nas transmissões verticais aquelas que ocorrem da mãe para o bebê durante a gestação ou parto e que o incentivo à prevenção e ao diagnóstico precoce deve manter o número de casos em queda.
“Esse ano a gente já teve uma melhora na qualidade e no tipo de preservativo entregue à população, incentivando a testagem em massa. Houve também qualificação dos profissionais da Atenção Primária para realização de testes rápidos e alguns municípios já recebem repasse federal com apoio do Estado”, explica.
Para especialistas, a informação e o acolhimento continuam sendo eixos essenciais no enfrentamento ao HIV. A ginecologista Camila Amorim disse que a adaptação ao tratamento envolve mais do que o uso de medicamentos.
“Quem acabou de ser diagnosticado, claro que tem o baque, porque tem o preconceito. Tem que ter um tratamento multidisciplinar. Além do tratamento medicamentoso, com o infectologista, é necessário acompanhamento psicológico, porque essa pessoa precisa de acolhimento, precisa da aceitação da infecção e da doença”, enfatiza.
As ações de prevenção seguem ao longo de dezembro com testes rápidos, distribuição de preservativos, atividades educativas e campanhas de conscientização.
Com informações do repórter João Cardoso para TV Gazeta e editada pelo site Agazeta.net



