Desde a última sexta-feira, o nível do Rio Acre entrou em trajetória de elevação e acendeu o alerta da Defesa Civil de Rio Branco. Com base em dados técnicos e previsões hidrológicas, o órgão passou a mobilizar equipes e estruturas de atendimento antes mesmo de o rio ultrapassar a cota de transbordo, numa tentativa de reduzir os impactos da cheia sobre a população.
Na medição realizada por volta das 5h da manhã desta segunda-feira (29), o Rio Acre atingiu 15,32 metros, mantendo ritmo de subida de cerca de um centímetro por hora. O volume já supera a cota de transbordo, que é de 14 metros, e já provoca alagamentos em bairros da capital.
Em entrevista, o coordenador da Defesa Civil Municipal, tenente-coronel Cláudio Falcão, destacou que a situação já afeta um número expressivo de famílias, tanto na zona urbana quanto na rural.
“Na realidade, nós estamos nos aproximando de mais de 300 pessoas afetadas diretamente. Em relação às famílias, só na zona urbana já são mais de 3 mil atingidas e, na zona rural, estamos nos aproximando de mil famílias. É um impacto muito grande. Temos, inclusive, cinco comunidades rurais isoladas, e a partir desta manhã vamos levar embarcações para garantir o transporte dessas pessoas”, afirmou.
Segundo o coronel, a Prefeitura de Rio Branco atua de forma integrada, envolvendo todas as secretarias municipais, sob coordenação direta do prefeito Tião Bocalom, para garantir o acolhimento das famílias desalojadas, o monitoramento dos mananciais e o planejamento de ações futuras.
Apesar da previsão de pouca chuva para Rio Branco nesta segunda e terça-feira, o volume de água que chega à capital ainda é elevado, em razão das chuvas registradas em municípios a montante do rio. A expectativa da Defesa Civil é de que o nível se estabilize em torno de 15,50 metros.
“Nós acreditamos que o rio possa estabilizar ainda hoje por volta de 15 metros e meio. Mesmo assim, o estrago já é bastante elevado. São muitas famílias para remover, abrigar e acompanhar. A prefeitura está trabalhando 24 horas por dia, inclusive com a construção em tempo recorde de abrigos no Parque de Exposições, para dar conta dessa demanda”, explicou Falcão.
Atualmente, cinco abrigos estão em funcionamento no município. O secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, João Marcos Luz, informou que 364 pessoas já estão acolhidas, entre crianças, mulheres e idosos.
“Desde a sexta-feira, por volta das 21h, começamos a abrigar as primeiras famílias. Hoje temos cinco abrigos abertos, oferecendo alimentação adequada, atendimento psicológico, social e de saúde. Todo esse suporte está sendo viabilizado com o apoio direto do prefeito”, disse o secretário.
O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, ressaltou que esta é a sexta enchente enfrentada durante sua gestão e que a experiência acumulada tem sido fundamental para dar respostas rápidas à população. Ele destacou a estruturação da Defesa Civil Municipal, a parceria com o Corpo de Bombeiros e o apoio do governo do Estado como pontos centrais no enfrentamento da crise.
Sobre a possibilidade de estabilização do rio, o tenente-coronel Cláudio Falcão alertou que isso não significa segurança imediata.
“O rio ainda deve aumentar um pouco mais. Estabilizar não quer dizer que ele vai baixar, e mesmo que baixe, não significa que não possa subir novamente. Cada centímetro agora afeta muito mais pessoas. Por isso, o monitoramento precisa ser constante”, frisou.
Em relação às reclamações de moradores que relataram demora no atendimento, o coordenador reforçou que o volume de ocorrências é elevado e pediu que a população utilize exclusivamente o número 193 para acionar o socorro.
“Temos demanda reprimida, estamos trocando turnos e mantendo atendimento 24 horas. Às vezes há atraso, mas todas as ocorrências são registradas. Pedimos que as pessoas utilizem o 193, pois ligações fora desse canal acabam atrasando ainda mais o atendimento”, explicou.
Ele também destacou que, em situações de enxurradas rápidas, a Defesa Civil segue protocolos de segurança para evitar riscos maiores às famílias durante remoções em meio à chuva intensa.
“Nosso foco é cuidar de gente. Estamos trabalhando sem parar, com muita responsabilidade, e pedimos a compreensão da população neste momento crítico”, concluiu.
Com informações do repórter Luan Rodrigo para TV Gazeta e editada pelo site Agazeta.net



