Nos últimos quatro anos, índice aumentou em pelo menos 19%
Foram quase duas décadas de uma relação que só trouxe perdas a uma mulher que prefere não ter o nome revelado. Aos 14 anos de idade, ela começou a beber por influência de amigos. Ela se casou, vieram os filhos e a dependência pelo álcool aumentava cada vez mais.
“Eu me lembro que colocava chupeta no copo de cerveja e depois oferecia ao meu filho. Chegou um momento que o meu esposo mandou eu escolher a família ou a bebida. Minha resposta foi que eu preferia a bebida”, relata.
E essa escolha trouxe consequências. De uma cena, no local de trabalho, a mulher não esquece jamais. “Na caixa de sugestões do meu trabalho, um rapaz disse que tinha sido atendido por uma mulher que tinha acabado de sair do bar. Fiquei com muita vergonha”, lembra.
Dados do Instituto Nacional de Seguro Social, INSS, revelam que o alcoolismo é o principal motivo de pedidos de auxílio-doença por transtornos mentais e comportamento por uso de substância psicoativa.
Nos últimos quatro anos, o número de pessoas que precisaram parar de trabalhar e pediram o auxílio do INSS aumentou 19%. Em 2009, foram 12 mil benefícios e no ano passado, mais de 14 mil casos.
No Acre, quatro mil auxílios foram concedidos em 2013. Desses, 467 estão relacionados ao uso de álcool e outras drogas. Isso representa mais de 11% do total de benefícios. “Os números são alarmantes. Esse é um problema nacional e que deve abranger um esforço conjunto do ministério da Previdência Social e da Saúde”, declarou o perito médico Guilherme Pulici.
O Alcoólicos Anônimos atua no estado desde 1980. O diretor de uma das unidades confirma que o número de pessoas afastadas do trabalho por causa do vício está cada vez mais comum. Por um principio da instituição, ele não pode se identificar.
“É uma preocupação geral das instituições com relação aos afastamentos e os problemas decorrentes do uso indevido do álcool”, enfatizou. Quem um dia quase perdeu tudo por causa da bebida, hoje luta para que outras pessoas não passem a mesma situação.
“Eu não me arrependo da decisão de parar de beber. Já são 16 anos que eu estou com minha vida e família estruturada. Com certeza, quem procurar ajuda não vai se arrepender”, argumentou a ex-dependente.



