Heloneida Gama, presidente da Família Azul, e Caroline Moreira, mãe atípica, estiveram presentes no Gazeta Entrevista nesta quarta-feira (15) para discutir a audiência pública na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) sobre os direitos dos autistas, que contou com a presença de apenas um deputado. As mães compartilharam as preocupações em relação à situação das crianças autistas em Rio Branco.
Heloneida Gama, destacou a importância de realizar a audiência anualmente para avaliar o progresso e as necessidades da comunidade autista. Ela ressaltou a importância de ser ouvida e de buscar melhorias para garantir o suporte adequado às crianças autistas.
“A própria mesa que fala da diretoria da Aleac sugeriu uma audiência pública, e ainda assim apenas um deputado foi. A gente tem que fazer essa audiência todo ano para a gente ver o que está acontecendo, o que avançou, o que não avançou, o que precisa melhorar”, explica a presidente.
Caroline Moreira, mãe de uma criança autista, destacou os desafios enfrentados pela comunidade, incluindo dificuldades com medicações, consultas médicas e falta de profissionais mediadores nas escolas. Ela enfatizou a necessidade de lutar pelos direitos das crianças e da sobrecarga que as mães de autistas enfrentam diariamente.
“Nós queremos ser ouvidas. Nós temos grandes dificuldades com medicações, com consultas. O médico coloca um retorno para três meses, eles chamam daqui a um ano. Não é sempre que tem as medicações. São medicações que eram para estar disponíveis no SUS, mas na grande maioria nós temos faltas.. Muitas mães têm que entrar com uma ação no Ministério Público para conseguir o mediador, o cuidador para o seu filho”, comenta a mãe.
A falta de recursos e o argumento de possível superlotação foram apontados como obstáculos para a disponibilização de mediadores e cuidadores para crianças autistas. A mãe ressaltou a importância de ter uma rede de apoio para lidar com as crises sensoriais e outras necessidades específicas das crianças no espectro autista.
“O que mais incomoda mesmo é a gente ter que gritar pelos direitos dos nossos filhos. Eu sou mãe solo e não é fácil. Na sociedade como a nossa, eu agradeço a Deus que eu tenho uma rede de apoio, mas tem muitas mães não têm. Não é fácil quando o nosso filho entra em crise sensorial e ele não consegue ir para a escola”, conclui.
A audiência pública e a entrevista destacaram as dificuldades enfrentadas pelas famílias de autistas e a importância de garantir o suporte necessário para atender às demandas específicas da comunidade autista. A luta por direitos, apoio e inclusão continua sendo uma prioridade para as famílias e para a sociedade como um todo.