As caminhadas negras, passeios de afroturismo, vão recontar histórias que a história não contou em cerca de 30 cidades brasileiras de 21 Unidades da Federação neste mês de maio, que marca a abolição da escravatura no Brasil. As experiências turísticas mostram o protagonismo negro nas cinco regiões brasileiras, revelando novos lugares, personagens e culturas negras, passando pelo passado, presente e futuro.
O projeto é organizado pela plataforma de afroturismo Guia Negro, em articulação com parceiros de cada cidade, tendo em Rio Branco, a Agência de turismo receptivo Destino Acre, a organizadora do passeio, e condução oral será feita pela socióloga, educadora popular e coordenadora de formação do Movimento Negro Unificado do Acre, a Jayce Brasil.
O protagonismo negro será presente em toda a narrativa do passeio e tem objetivo de contar parte de nossa história do Acre, pela perspectiva das pessoas negras que se fizeram presentes no legado da construção do Acre.
A caminhada é gratuita, e o link da inscrição pode ser acessado no linktr.ee/guianegro.
“Começamos a realizar essa ação em 2023 e estamos ampliando os lugares em que estamos presentes. É um recado para dizer que todas as cidades brasileiras possuem história negra pouco contada. Valorizar e reconhecer nossas narrativas e lugares é um passo importante para o povo preto. Além disso, precisamos ter um turismo mais diversos, que contemple nossa ancestralidade”, considera o fundador do Guia Negro, Guilherme Soares Dias.
Ele defende ainda que a segunda abolição vem a partir do momento em que as pessoas negras retomam suas narrativas e as contam com o devido protagonismo. “O direito à memória das nossas histórias, personagens e cultura negra é a sonhada liberdade de quem faz parte da diáspora africana e ainda luta por terras, moradia, educação e condições igualitárias na sociedade”, afirma.
Para Jayce Brasil conhecer e compreender as histórias positivas das pessoas negras, evidenciando legados e toda a riqueza cultural, artística, linguística e intelectual é uma maneira de combater a nossa ignorância, historicamente ostentada em preconceitos. Ganhamos nessa caminhada de descobertas porque, não podemos defender o que não conhecemos, a exemplo da existência e toda a contribuição da população negra na Amazônia acreana.
“Desde que conheci a iniciativa do Guia Negro e experimentei a Caminhada Salvador Negra em fevereiro deste ano, sabia que Rio Branco tinha todos os elementos e contextos necessários para iniciar um roteiro semelhante, porque afinal de contas, temos muitos negros e negras que estão presentes na nossa formação enquanto população amazônida. E está sendo incrível fazer parte deste movimento do turismo, e ser um mecanismo para educação patrimonial do nosso lugar! Após convidar a Jayce Brasil para condução, e alinhar com várias referências locais que estudam a questão da pessoa negra em Rio Branco, nosso objetivo agora é que os demais operadores turísticos incluem essa caminhada em suas atividades de turismo na capital acreana”, afirma Thaly Figueiredo, responsável pela organização do passeio em Rio Branco.
Pelo segundo ano, a ação tem apoio da Copastur que tem desenvolvido ações em prol do afroturismo. “Nosso apoio a ação não só reafirma nosso compromisso com a promoção da diversidade, equidade e inclusão no mercado de turismo, mas também oferece as nossas pessoas colaboradoras a oportunidade de vivenciar essa experiência transformadora que é fazer parte da reconstrução das histórias dos nossos territórios. Para nós não é só um apoio, mas sim colocar nossas pessoas como parte da mudança”, afirma Julia Souza, supervisora de Diversidade e inclusão da Copastur.
Entre as cidades que terão pela primeira vez uma Caminhada Negra está Rio Branco, capital do Acre, o passeio ocorre em 25 de maio. Florianópolis e Santos, que têm iniciativas independentes integram a ação pela primeira vez.
Confira a programação em Rio Branco: