O dia começou com os deputados de duas comissões da Assembléia se reunindo para discutir as prisões de onze policiais militares, acusados de sequestro e morte de um ex-presidiário. O caso foi levado à comissão de segurança pública e à comissão de defesa dos direitos humanos, após familiares dos policiais presos ocuparem a Assembléia na terça-feira, em um protesto contra as prisões.
Na sessão em que houve a manifestação, o deputado Wherles Rocha(PSDB), que é militar reformado, saiu em defesa dos policiais presos, e acusou o delegado que conduz a investigação de cometer irregularidades. Nas reuniões das comissões nesta quarta-feira o deputado voltou a apontar supostas irregularidades na condução do inquérito.
“ Em momento algum aqui nós estamos julgando se são inocentes ou se são culpados. Mas nós queremos que as denúncias que eles fizeram contra o delegado de Polícia, contra a cúpula da segurança pública elas sejam ouvidas. E aqui a Assembléia Legislativa, eu acredito, que vai convocar essas pessoas para prestar esclarecimentos”, afirma Rocha
Alguns parlamentares discordaram de Rocha, afirmando que se houve equívoco foi do Judiciário, que autorizou o pedido de prisão dos militares. “ Juiz tem responsabilidade, ele não vai decretar prisão sem que haja as condições para essa prisão ser decretada”, afirma o deputado Walter Prado(PROS)
Outros saíram em defesa das instituições policiais do estado, afirmando que o caso envolvendo os onze policiais ainda não foi concluído, e que principalmente, trata-se de um fato isolado que não pode macular a corporação. “As vezes a matéria pode atingir a instituição, quando na verdade tinha que focar em uma, duas ou três pessoas, aquelas pessoas envolvidas naquele ilícito”, explica o deputado Geraldo Pereira (PT)
O rigor com que as instituições tratam esse caso é motivado também por um ‘fantasma’ do passado, chamado ‘esquadrão da morte’. A preocupação da cúpula de segurança pública do estado é evitar que a opinião pública assimile a idéia de impunidade nos seio das Polícias, como acontecia no Acre décadas atrás.
Após as reuniões das duas comissões, os deputados decidiram levantar mais informações sobre o assunto. Vão pedir, em nome da Assembléia, uma autorização do Judiciário para conversar com os militares presos. Depois disso, se necessário, o Poder Legislativo poderá adotar outras medidas.
“ A comissão de direitos humanos irá se aproximar desse processo para garantir que todos os envolvidos, de um lado e de outro, sejam amparados pela Justiça”, afirma o deputado Denilson Segóvia(PEN) presidente da comissão.