O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, afirmou em entrevista nesta terça-feira (18) que o nível do Rio Acre deve voltar a subir nos próximos dias, podendo atingir até 16,5 metros. Segundo ele, as previsões indicam fortes chuvas tanto na capital quanto em regiões que influenciam o volume do rio, como o Riozinho do Rola.
Bocalom informou que 136 famílias estavam abrigadas no Parque de Exposições na manhã desta terça-feira, mas o número continua aumentando à medida que mais pessoas chegam ao local. Outras famílias foram encaminhadas para casas de parentes.
“Esse é um momento difícil que Rio Branco está passando. Essa já é a quinta cheia que enfrentamos. Tivemos duas das maiores inundações do Rio Acre e a pior de todas, em 2023, quando o rio e os igarapés transbordaram ao mesmo tempo, causando um dos piores desastres com água”, destacou Bocalom.
Neste ano, a prefeitura adotou medidas para garantir um atendimento mais adequado às pessoas desalojadas. “Os indígenas, por exemplo, foram acomodados separadamente, respeitando sua cultura. Crianças com autismo e cadeirantes também foram alocados em espaços específicos para atender às suas necessidades”, explicou Bocalom.
A prefeitura confirmou que vai isentar do pagamento do IPTU as famílias que tiveram suas casas invadidas pela água. “Nossos vereadores já fizeram essa indicação e nós aceitamos. Agora, estamos preparando a lei para enviar à Câmara e garantir a liberação do imposto”, disse o prefeito.
Crise no abastecimento de água e mudanças na captação
Durante a entrevista, Bocalom também abordou os problemas no abastecimento de água da cidade, agravados pela cheia e pela queda simultânea das Estações de Tratamento de Água (ETAs) 1 e 2. Segundo ele, a normalização do fornecimento depende da recuperação do sistema, que está em andamento.
A ETA 1 será transferida para uma nova área, pois a atual localização sofre com erosão e impactos diretos da correnteza. “Ela foi instalada num local errado, onde os troncos de árvores batem nela. Já definimos um novo local para a captação”, disse o prefeito.
A prefeitura também aguarda a chegada de novas bombas e tubos para modernizar o sistema de abastecimento. “Com os investimentos que estamos fazendo, esperamos que, a partir do ano que vem, não tenhamos mais esse problema”, garantiu.
Apesar da cheia, a prefeitura decidiu manter o início do ano letivo. No entanto, seis escolas localizadas em áreas mais baixas foram temporariamente fechadas e podem ser usadas para abrigar famílias caso o nível do rio continue subindo. “Se a situação piorar, teremos que colocar algumas famílias nessas escolas também”, explicou Bocalom.
O prefeito reforçou que a gestão municipal está atuando para minimizar os impactos da cheia e pediu consciência da população no uso da água. “Muita gente desperdiça água porque não tem hidrômetro em casa. Precisamos economizar para que todos tenham acesso”, alertou.