Com um acumulado de 561 milímetros de chuva em dezembro (mais que o dobro dos 268 mm previstos para o mês inteiro), a capital acreana enfrenta uma vazante lenta do Rio Acre, mas com previsão de novas precipitações intensas que podem prolongar o sofrimento da população até março. A alerta foi dado pelo coordenador municipal da Defesa Civil, tenente-coronel Cláudio Falcão, em meio a uma das piores cheias registradas no período, que já afetou centenas de famílias e levou à decretação de situação de emergência.
Segundo Falcão, o volume pluviométrico atípico elevou o rio a picos de 15,41 metros na véspera, e embora o nível esteja em declínio, a vazante é gradual devido à contribuição de afluentes como o Riozinho do Rola, que continua subindo cerca de 1 centímetro por hora.
“Nós temos previsão de mais chuvas, inclusive o mês agora de dezembro, no dia de hoje, nós estamos fechando com 561 milímetros de chuva. Muita, muita chuva, é mais do que o dobro do que era esperado para todo mês. E agora entrando já o mês de janeiro, a gente também vai continuar com a pluviometria elevada”, afirmou o coordenador.
O Rio Acre, que transbordou no último dia 27 ao ultrapassar os 14 metros de cota de transbordo, registrava nesta quarta-feira (31) níveis ainda acima do limite: 14,88 metros às 5h, caindo para 14,75 metros às 9h e 14,63 metros ao meio-dia, sem registro de chuva nas últimas 24 horas. A cota de alerta é de 13,50 metros, e as autoridades monitoram de perto o risco de novos aumentos, especialmente com a entrada do trimestre chuvoso na Amazônia.
Chuvas recordes e efeitos na cidade
O mês de dezembro surpreendeu pela intensidade das precipitações: o volume estimado de 268 mm foi superado já no dia 17, com 285 mm acumulados, e em apenas quatro dias iniciais, mais da metade da meta mensal havia sido atingida. Em um único dia, como na sexta-feira (26), foram registrados até 170 mm em Rio Branco, um evento comparável apenas ao de 2023, quando 187 mm caíram em 24 horas.
Diversos bairros da capital foram inundados, com equipes da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e prefeitura atuando em resgates e monitoramento. “Nós tivemos, durante todo esse dia de sexta-feira, uma situação nunca vista no mês de dezembro aqui no município de Rio Branco”, destacou Falcão, reforçando que o acumulado total já supera 548 mm em medições recentes, agravando o risco de alagamentos em áreas ribeirinhas e igarapés.
Até o momento, não há registro de óbitos relacionados à cheia, mas as autoridades reforçam que moradores de áreas alagadiças devem manter o monitoramento constante e acionar o Corpo de Bombeiros pelo telefone 193 em caso de perigo.
Com informações da TV Gazeta.



