Um projeto silenciosamente tem transformado a vida de centenas de crianças em Rio Branco. Criado em 2015, o Projeto Pequeno Samurai oferece aulas gratuitas de jiu-jitsu a crianças e adolescentes de comunidades carentes, promovendo não apenas o esporte, mas disciplina, valores e oportunidades reais de crescimento pessoal.
À frente da iniciativa está o professor Walter Combate, que transformou um sonho da juventude em realidade. Desde cedo, ele queria ensinar a arte marcial que aprendeu, mas com um objetivo muito claro: alcançar quem não teria condições de pagar por isso. E mesmo com poucos recursos e praticamente nenhum apoio institucional, ele nunca pensou em desistir.
“Tudo tem uma dificuldade, não só eu, como vários outros que participam de projetos assim. Mas com o coração bom, você chega em todo canto. Este ano, estamos treinando as crianças para o Mundial de Jiu-Jitsu Kids, que vai ser em São Paulo. Vai ser uma batalha”, afirma.
Com o crescimento do projeto ao longo dos anos, Walter ganhou reforço de quem conhece o impacto da proposta de perto. Ariane e William começaram como alunos e hoje são monitores. Para eles, o maior sonho é retribuir aquilo que um dia receberam.
“Oito anos atrás, eu sonhava em ensinar, como instrutor. Hoje, isso está acontecendo. Quero ser faixa preta e levar isso adiante”, diz William. Ariane complementa: “É gratificante ver que eles estão aprendendo, porque há pouco tempo era eu ali, com o mesmo brilho no olhar.”
Com cerca de 800 alunos atendidos em 23 bairros de Rio Branco, o Pequeno Samurai não cobra nenhuma taxa e se mantém com doações e apoio voluntário. As aulas acontecem em praças, igrejas, escolas e associações de moradores. Mas para participar, os alunos precisam manter o bom comportamento também fora do tatame – inclusive na escola. Se as notas caem ou o respeito falha, o puxão de orelha vem.
Para as famílias, o projeto tem sido um verdadeiro aliado na educação dos filhos. “Ele fica ansioso pra vir. É uma ajuda enorme, porque sabemos o quanto é difícil criar um filho. E quando eles têm um bom exemplo a seguir, tudo muda”, conta uma das mães. Outra moradora reforça: “Muda o comportamento. Tenho acompanhado várias crianças aqui, e a transformação é real. Eles gostam, se dedicam.”
Para o presidente da associação de moradores, Adenilson Batista, o impacto vai além do esporte. “As crianças não têm opções de lazer ou esporte. O projeto veio e já trouxe resultados. Já levou alunos para outros estados e trouxe campeões.”
Com o Mundial de Jiu-Jitsu Kids no horizonte, os sonhos desses pequenos atletas ganham novas cores. E mesmo com histórias marcadas por dificuldades, cada um deles carrega a esperança de um futuro diferente. No olhar firme no tatame, está a força de quem aprendeu que cair faz parte – mas levantar é essencial.
Com informções da repórter Débora Ribeiro para TV Gazeta