Apesar da queda nas taxas de transmissão e do fim das fases mais críticas da pandemia, a Covid-19 continua sendo motivo de alerta para médicos e autoridades de saúde. Em 2025, o Acre já registrou mais de 20 mil notificações da doença, com 3.463 casos confirmados e 20 mortes, segundo o boletim epidemiológico mais recente da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre).
O médico infectologista Osvaldo Leal chama atenção para um novo cenário: a mudança no perfil dos sintomas apresentados por pacientes infectados. “Além dos sintomas respiratórios clássicos — como tosse, coriza, dor de garganta e falta de ar — temos observado um aumento expressivo de sintomas gastrointestinais, especialmente em crianças. Casos de dor abdominal, vômito, diarreia e inapetência têm se tornado frequentes entre os pequenos”, explicou.
Os dados mostram que o vírus segue em circulação e em constante mutação. O município de Acrelândia lidera o número de casos proporcionalmente à população: entre 2023 e 2025, foram 3.718 casos por 100 mil habitantes.
Embora o número de internações tenha caído, os profissionais da saúde alertam para o risco de subnotificação e negligência. Para Leal, é importante que pacientes — especialmente os mais vulneráveis — não ignorem sintomas que fujam do padrão respiratório.
“Pacientes com comorbidades, principalmente respiratórias, continuam sendo os mais impactados. Ainda que a transmissão tenha diminuído, o problema maior está na baixa cobertura vacinal, principalmente entre crianças de 6 meses a 4 anos e idosos acima de 60 anos”, destacou.
Vacinas disponíveis, mas baixa adesão preocupa
Outro ponto crítico levantado por Osvaldo Leal é a resistência ou esquecimento quanto à vacinação. Ele lembra que além do vírus da Covid-19, outras infecções respiratórias graves continuam circulando, como influenza A e B, adenovírus e vírus sincicial respiratório, que podem agravar o quadro clínico de crianças e idosos.
“Já imaginou todos esses vírus atuando ao mesmo tempo, na mesma criança? Isso é um convite à gravidade, à internação, à UTI. A vacina está aí justamente para evitar isso. Então o apelo é: levem suas crianças e idosos para se vacinar”, reforçou.
As vacinas estão disponíveis em todas as unidades básicas de saúde do Acre, incluindo os Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) em Rio Branco e Cruzeiro do Sul. Os profissionais de saúde também alertam que, mesmo quem já foi vacinado, deve manter o esquema atualizado com doses de reforço, conforme a orientação do Ministério da Saúde.
Com o surgimento de sintomas diferentes, testar continua sendo uma recomendação importante, especialmente para evitar a disseminação do vírus em escolas, ambientes de trabalho e dentro das famílias.
A recomendação geral é que qualquer pessoa com febre, dor abdominal, vômito, diarreia ou sintomas respiratórios procure imediatamente uma unidade de saúde para avaliação e testagem. Com o vírus ainda em circulação, a prevenção e a vigilância continuam sendo ferramentas essenciais para evitar novos surtos.
Com informações do repórter Marilson Maia para TV Gazeta