Três jovens atletas acreanos brilharam nos Jogos Escolares 2023 em Brasília e conquistaram medalhas históricas para o Estado. O primeiro é Thiago que se destacou ao conquistar a medalha de ouro no atletismo, na modalidade de arremesso de peso. O segundo é Pedro que também fez história ao conseguir a primeira medalha de ouro na natação e por último, Melyssa que garantiu uma medalha de bronze no judô feminino, que marcou o retorno do Acre ao pódio nessa modalidade após várias décadas. Essas conquistas não apenas enchem de orgulho os atletas, mas também contribuem significativamente para elevar o prestígio e reconhecimento do esporte no Estado.
Em um estado dominado pelo futebol, é glorioso como esses três jovens se destacaram em diferentes modalidades: natação, judô e arremesso. Esses três esportes que são pouco difundidos no Acre. Por isso, a partir da vitória desses adolescentes, outros estudantes serão motivados a investirem em outras modalidades esportivas.

E embora as modalidades de cada um dos alunos sejam diferentes, eles estão interligados por essa competição e protagonizam um momento histórico para o Acre. Ninguém fez o que eles fizeram. Cada um com uma história e motivações diferentes.
Thiago Silva de Aguiar é atleta de Rio Branco, estudante do oitavo ano da escola estadual Santa Maria II. O estudante participou pela segunda vez dos Jogos Escolares na modalidade de arremesso de peso e expressou uma grande felicidade em ter a oportunidade de mostrar resultados. Ele também aproveitou a oportunidade para agradecer a uma das principais motivações nessa caminhada – o professor, Thiago Henrique.
“O sentimento de eu ter ganhado medalha é muito bom. Estou muito feliz com a conquista, representei minha escola e meu estado. Também agradeço ao meu professor e toda a equipe do colégio Santa Maria II pelo apoio,” comenta.
Silva conheceu esse esporte em uma seletiva e começou a treinar em casa para se aperfeiçoar e consequentemente ganhou a primeira medalha de ouro nos Jogos Escolares. Ele espera continuar competindo para conquistar novas medalhas para a escola onde estuda.
“O que me levou a ir para esse esporte foi incentivo do meu professor de educação física, Thiago Henrique, minha motivação foi que eu gostei muito da modalidade. Além disso, conheci a modalidade em uma seletiva onde eu treinava em casa e no Sest Senat [O Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte],” explica Silva.

Thiago não apenas conquistou medalhas, mas também aproveitou a oportunidade para conhecer novos lugares e fazer amizades. A história dele ensina que, com esforço e paixão pelo que faz, pode-se alcançar grandes feitos e aproveitar ao máximo as oportunidades.
Pedro Henrique Ramirez da Silva
Pedro Henrique Ramirez da Silva é estudante no 9º ano do Colégio Ânglo. Ele também se destacou na competição em que participo pela segunda vez, conquistando a primeira medalha de ouro na modalidade de nado 50 metros borboleta. Além disso, se tornou a primeira pessoa a trazer uma medalha de ouro na natação para o Acre.

Henrique começou na escolinha de natação para canalizar sua energia e, desde então, não parou mais de treinar e competir. Os pais tinham medo que ele se afogasse na piscina. A partir daí, surgiu o amor do jovem pelo nado e começou a se aventurar nos clubes e competição a fim de se profissionalizar.
Os professores no decorrer das aulas notaram que ele tinha potencial para algo maior e lhe convidaram para fazer parte de um clube competitivo de natação. Quando entrou, o principal objetivo era conseguir uma medalha, e hoje, ele se sente realizado.

“Meu professor perguntou se eu queria competir e aceitei. A prova que ganhei a medalha de ouro foi 50 borboleta. Eu participei outras duas vezes e foi uma experiência maravilhosa, pois consegui o meu objetivo que era medalhar,” diz Ramirez.
Para ele, a natação é uma terapia que o ajuda a esquecer dos problemas, por isso, está muito feliz e agradecido de ter ganhado a competição praticando o esporte que gosta. Além disso, o sentimento único de ser pioneiro nessa modalidade no Acre é algo que ele levará para toda vida.

“Eu gosto da natação, pois eu nunca fui bom nos outros esportes. Eu sinto que consigo me encontrar nela e posso esquecer todos os meus problemas. O meu sentimento é de muita felicidade, pois consegui uma medalha na natação que ninguém nunca antes conseguiu no meu estado,” conclui.

Melyssa Souza
No judô feminino, Melyssa Souza, também se destaca. Ela é estudante do sexto ano da escola Brasil Bolívia, em Epitaciolândia, e assim como Pedro da natação, conquistou a primeira medalha de bronze e expressou a alegria em participar de uma competição nacional e trazer para o Acre no judô.

“Ir competir em um nacional é uma coisa muito única. Eu consegui me divertir bastante e ao mesmo tempo trazer a primeira medalha para o Acre no judô,” relembra.
Souza sempre foi atraída por esse estilo de esporte e recebeu incentivo do professor e da mãe. Ela ver os Jogos Escolares como uma oportunidade única de diversão e crescimento no tatame.
“Eu sempre quis começar a treinar esse estilo de esporte, meu mestre e minha mãe sempre me apoiaram muito e essa é minha motivação, gosto desse esporte porque ele me proporciona várias experiências incríveis, conheci esse esporte através de um projeto,” conclui.

A estudante mostrou que a idade não é um obstáculo para alcançar grandes feitos, pois a determinação e amor pelo judô a levaram a superar desafios e a trazer para o Acre e fazer historia.
Esses atletas acreanos são exemplos de dedicação e superação, representando as escolas e o estado com orgulho. As conquistas nos Jogos Escolares são um incentivo para outros jovens atletas e demonstram o potencial esportivo do Acre. Com o apoio de seus professores e familiares, eles continuam a treinar e buscar novas medalhas, mostrando que o esporte é uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento pessoal e a construção de um futuro promissor.
Papel dos Professores
Os relatos dos alunos que participaram dos Jogos Escolares destacam a importância dos professores como motivadores e mentores. Esses profissionais acreditaram no potencial dos alunos e investiram em seu desenvolvimento esportivo, permitindo que se destacassem em modalidades além do futebol, como judô, natação e arremesso de peso.
Essa relação de confiança e trabalho em equipe resultou em 19 medalhas conquistadas, um feito inédito para o Acre. Um dos professores que se destacou foi o professor de Jiu-Jitsu e judô, Amarildo Ferreira Silva, ele atua há 20 anos e treinou a aluna Melyssa Souza que conquistou uma medalha de bronze no judô feminino. Para ele, o esporte é um divisor de águas na vida dos atletas e da sociedade, e é necessário investir em políticas de desenvolvimento esportivo mais elaboradas.

“Muita emoção principalmente por saber que seria a primeira medalha do judô acreano nos jogos escolares e a primeira do time Acre nos jeb’s2023, isso com certeza incentiva os outros alunos atletas nas demais modalidades e assim aconteceu,” comentou o profissional.
Incentivo Familiar
Além dos professores e da escola, a instituição mais importante na vida de qualquer atleta é a família, pois é de lá que vem o incentivo inicial. Todos os entrevistados entraram no esporte por motivação familiar. Por exemplo, o nadador Pedro Henrique Ramirez da Silva, que entrou na natação porque seus pais tinham medo que ele se afogasse na piscina.
Além dele, Melyssa Souza afirmou que para ingressar no judô, a mãe foi a maior motivação que teve em sua vida.
Por isso, é preciso que as famílias tenham esse pensamento e o dever de apresentar e acostumar as crianças com a vida esportiva. Tendo em vista que muitas crianças têm aptidão nata ao esporte, e somente os pais têm a competência para identificar essas habilidades.
Presidente da Federação Acreana do Desporto Escolar (FADE), João Renato Jácome
No Acre, o presidente da Federação Acreana do Desporto Escolar (FADE), João Renato Jácome, lidera o projeto Open do Desporto Escolar, que leva eventos esportivos para as cidades do estado, que incentiva a prática esportiva e movimenta o comércio local. O programa atende mais de 6,3 mil atletas-estudantes e a expectativa é que esse número chegue a 7 mil até dezembro.

A meta é que o Open do Desporto Escolar se torne o projeto esportivo de maior sucesso na região norte até 2024, envolvendo mais escolas e descobrindo novos talentos. O apoio da mídia local contribui para a visibilidade dos jovens atletas e o aumento do interesse da população pelo esporte. Além da prática esportiva, o projeto também promove campanhas de conscientização sobre assédio, discriminação e respeito no esporte.
“Nossa expectativa é que até 2024 nós tenhamos o Open de Desporto Escolar do Acre como o maior case de sucesso do Norte do país dentro do sistema CBDE. Isso garantirá maior envolvimento das escolas no estado e a descoberta de talentos para as federações de área, olímpicas ou não, a quem cabe o rendimento desses futuros atletas,” enfatiza ele.

O esporte não acontece isoladamente na sociedade, mas depende do apoio da família e da escola para motivar os jovens a se envolverem e se destacarem em alguma modalidade esportiva. A união entre esporte, família e escola contribui para um futuro social melhor e mais digno.
“Tudo começa na escola, e o papel da família é essencial nesse processo, desde a descoberta, até o alto rendimento dele, no futuro. Esporte, família e escola, unidos, garantem um futuro social melhor e mais digno,” conclui ele.
Produção: Gisele Almeida