O Acre já contabiliza sete casos de feminicídio em 2025, número que se aproxima do registrado no ano passado. As vítimas tinham histórias e famílias, mas tiveram a vida interrompida pela violência. O caso mais recente foi o de Ivanilde da Silva, 42 anos, morta dentro da própria casa. O principal suspeito é o companheiro.
A conselheira de honra do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (Cedim/AC), Tatiana Martins, reforça que o feminicídio é diferente de outros crimes violentos.
“Homens morrem mais na rua, por tráfico, por roubo. Mas dentro de casa, dormindo, como aconteceu com a Ivanilde, não. Ela estava deitada na cama quando aquele que prometeu amá-la fez o que fez com ela”, diz.
Entre 2018 e 2025, o estado registrou 158 tentativas de feminicídio, a maioria em contexto de violência doméstica. Para Tatiana, a ausência de estruturas de proteção agrava o problema.
“Se confirmadas, já são três mortes só em Rio Branco. A cidade não tem nenhum organismo de políticas para mulheres, o que existia foi extinto. Não importa a gestão, é preciso recriar. Feminicídio zero só vai virar realidade quando todos nós dermos as mãos: sociedade, poder público e famílias”, destaca.
Ela alerta que o feminicídio é um crime evitável, já que existem sinais claros de ameaça que não podem ser ignorados.
“A família sempre percebe sinais. É importante criar uma rede de apoio, denunciar, mesmo que de forma anônima. Esperar que a vítima faça sozinha é muito cruel”, concluiu.
Canais de Ajuda
Este caso de feminicídio evidencia a persistência da violência de gênero e os riscos enfrentados por mulheres, mesmo quando recorrem a medidas legais para a proteção.
O acolhimento da vítima é essencial para romper o ciclo de violência e desvincular-se do agressor. É fundamental contar com uma rede de apoio, que pode incluir familiares e amigos, além de serviços especializados que oferecem assistência jurídica e psicológica.
As vítimas podem procurar a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) pelo telefone (68) 3221-4799 ou a delegacia mais próxima.
Também podem entrar em contato com a Central de Atendimento à Mulher, pelo Disque 180, ou com a Polícia Militar do Acre (PM-AC), pelo 190. Outras opções incluem o Centro de Atendimento à Vítima (CAV), no telefone (68) 99993-4701, a Secretaria de Estado da Mulher (Semulher), pelo número (68) 99605-0657, e a Casa Rosa Mulher, no (68) 3221-0826.
Com informações da repórter Natália Lindoso, para TV Gazeta.