Se alguém dissesse ao policial militar Elias Barbary que uma caixa d’água de 500 litros colocada no quintal, no auge da pandemia, abriria caminho para transformar seu filho Vitor Emanuel, então com apenas 4 anos, em um atleta de natação medalhista, talvez ele mesmo não acreditasse. Mas foi exatamente isso que aconteceu.
Vitor, que é autista e sempre teve forte ligação com a água desde o tempo em que acompanhava o pai em treinamentos em rios e açudes, encontrou na “piscina improvisada” além de um alívio para o isolamento, uma nova paixão que logo mudaria sua vida e a de seu pai.
“Lembro da alegria dele no primeiro dia que brincou na bicicleta e na inauguração da sua ‘piscina’. Ali começaram as primeiras aulas: 20 minutos de exercícios e o resto pura brincadeira”, contou o pai.
O que começou como uma forma de amenizar os efeitos do isolamento, especialmente difíceis para crianças autistas, virou a base de uma jornada impressionante. Hoje, aos 9 anos, Vitor já subiu ao pódio em todas as provas das últimas competições que disputou, conquistando medalhas de ouro, prata e até troféu de campeão.

Do quintal para o mundo das competições
A relação de Vitor com a água é antiga. Antes mesmo de aprender a falar com fluência, já boiava “como se tivesse nascido para isso”, segundo o pai. A família morava perto do Rio Juruá, em Porto Walter, e nadar fazia parte da rotina.
A diferença é que hoje Vitor transforma esse talento em resultados expressivos. Em novembro, ele representou o Acre em duas competições oficiais:
Copa Norte de Águas Abertas (500 metros)
Vitor enfrentou ansiedade, barulho, pessoas estranhas e até uma crise, comum em crianças com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). A água escura também o assustou. Mas, com ajuda dos amigos Isaque, Enzo e Isadora, ele encontrou força para largar.

Copa Rondônia de Natação
Na Copa Rondônia, Vitor disputou quatro provas:
• 100 metros livre
• 50 metros livre
• 50 borboleta
• 50 peito
Subiu ao pódio em todas.
Duas medalhas de ouro.
Duas de prata.
Mas nem tudo foi simples. Em uma das provas, Vitor saltou na água antes da hora, porque não processou o comando do árbitro. Mesmo vencendo a prova, saiu chorando, confuso. Essa é a realidade do TEA: o que parece pequeno para muitos é gigantesco para eles.
O pai sabia. A técnica Valcirene sabia. A equipe inteira sabia. E todos o acolheram até o sorriso voltar.

Um futuro que já começou
Com 9 anos e uma história que já daria um filme, Vitor treina três vezes por semana no Clube Vasco da Gama, na Escola de Natação Tubarão, faz terapias diariamente e segue crescendo como atleta e como criança. Vitor nasceu em 27 de outubro de 2015 e já começou a vida como um guerreiro, um erro médico durante o parto quebrou sua clavícula. Com três meses, passou por cirurgia para corrigir duas hérnias.
É um menino doce, obediente, dedicado, apaixonado por LEGO e profundamente amoroso.
Desde que começou a competir, em 2024, Vitor já participou de:
• Copas internacionais Bolpebra
• Copas Amazônia de Natação
• Copas Rondônia
• Campeonatos Acreanos
• Festivais SEST SENAT
• Festival da escola Tubarão
• Prova de triathlon
• Copa Norte de águas abertas
E sempre voltou com medalhas.
Somente neste mês, foram 3 ouros, 2 pratas e 1 troféu de campeão.
Com informações de Gisele Almeida, para o site agazeta.net



