Em março deste ano, a cheia do Rio Acre afetou cerca de 15 mil pessoas em Rio Branco, com quase 3 mil delas sendo deslocadas para abrigos emergenciais. Todos os anos, as cheias trazem destruição para os moradores de bairros vulneráveis, forçando famílias a abandonarem suas casas às pressas, muitas vezes sem conseguir salvar seus bens. Apesar dos planos de emergência elaborados pela Defesa Civil, a realidade é que o socorro demora a chegar, e o poder público não consegue evitar perdas significativas.
A cada novo período de cheia, a história se repete: mesmo com a preparação das autoridades, a lentidão na resposta de socorro agrava os prejuízos. Em 2023, enquanto as águas avançavam e as famílias precisavam ser retiradas, a prefeitura ainda estava em processo de construção de abrigos no Parque de Exposições. A falta de veículos, de pessoal e de espaço são justificativas recorrentes para o atraso. Como resultado, muitos moradores acabam perdendo quase tudo o que possuem.
Diante desse cenário recorrente de perdas materiais e a constante falha na resposta rápida, o coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, coronel Cláudio Falcão, está apresentando uma nova proposta ao prefeito para tentar mitigar os prejuízos. O plano consiste em antecipar a retirada das famílias, não mais esperando o rio alcançar a cota de transbordamento, que é de 14 metros. Em vez disso, as evacuações seriam realizadas a partir dos 10 metros, que é a cota de atenção.
“Normalmente, nós começamos a remover as famílias quando o rio ultrapassa a marca dos 14 metros, mas, nesse caso, já iniciaremos a retirada a partir dos 10 metros. Entre 10 e 14 metros, o nível do rio pode subir rapidamente, em 3 ou 4 dias. Por isso, é preciso se antecipar”, explicou Cláudio Falcão. A proposta é que cerca de 600 famílias de 10 bairros mais críticos sejam retiradas preventivamente, ficando em abrigos até que o risco de inundação passe.
Além disso, a ideia é que a prefeitura ajude a salvar não apenas as vidas das pessoas, mas também os bens materiais. A Defesa Civil planeja retirar os móveis e eletrodomésticos das residências e armazená-los em locais seguros até que as famílias possam voltar para suas casas. “Precisamos de apoio, planejamento e mobilização de todas as secretarias para que possamos nos antecipar e evitar mais prejuízos”, acrescentou Falcão.
Embora a proposta pareça promissora, ela ainda precisa ser aprovada pela prefeitura, já que envolve custos adicionais para o município. A retirada antecipada exige maior mobilização de recursos, como veículos e abrigos, além de pessoal para auxiliar na evacuação e no transporte dos bens das famílias. No entanto, o impacto positivo dessa medida poderia ser significativo, diminuindo as perdas materiais e o sofrimento das famílias afetadas.
Com informações do repórter Adailson Oliveira para TV Gazeta