Em Rio Branco, no último dia 09, Ketilly Soares de Souza, de 33 anos, foi vítima de feminicídio na própria residência. Dias depois, o principal suspeito da morte, Simey Menezes Costa, noivo da vítima, de 46 anos, se entregou à polícia. Em recente entrevista, o advogado de defesa, Tiago Neri, explicou que, até o momento, ele não confessou o crime, com a alegação de não se lembrar do que aconteceu.
De acordo com Neri, Menezes admitiu ter feito uso de entorpecentes no dia do crime e alegou não se recordar do que teria acontecido. O advogado enfatiza que a defesa trabalha com a versão fornecida pelo cliente, que havia pedido a vítima em casamento dias antes do ocorrido, mas ressaltou que cabe à Polícia Civil (PCAC) investigar se há outros possíveis autores do crime.
“A versão do Simey é objetiva no sentido do uso do entorpecente naquele dia, e que a partir dali não tem noção do que eventualmente tenha sido praticado. Enquanto defesa trabalhamos dentro dessa versão que está sendo colocada por ele, que inclusive estava buscando melhorar, tinha pedido a mulher em casamento alguns dias antes. A polícia tem o dever de demonstrar se existem outros autores, se a vítima poderia ou não outra pessoa que pudesse ceifar a vida dela”, explica o advogado.
Neri destacou que a defesa aguarda o desfecho do inquérito policial e a decisão do Ministério Público do Acre (MPAC) sobre a apresentação de denúncia, que poderá apontar Menezes como o principal suspeito do caso. O advogado enfatizou a importância de aguardar o desenrolar das investigações para esclarecer os fatos e determinar a autoria do crime.
“Então, partindo desse pressuposto, a defesa entende que é o momento de aguardar o que o inquérito policial vai dizer e se o Ministério Público após a conclusão deste inquérito policial vai ou não oferecer a denúncia com os elementos de prova não só do fato, mas também da autoria delitiva se apontar o Simey enquanto principal suspeito”, diz.
Além disso, o advogado de defesa ressaltou que, mesmo diante da prisão preventiva decretada contra o cliente, este se apresentou voluntariamente perante a justiça, o que segundo ele, demonstra disposição em colaborar para que a verdade sobre os fatos seja esclarecida.
“A apresentação voluntária diante o juízo demonstrando que se encontra com o desejo de oferecer à justiça que se chegue a uma verdade real sobre os fatos que até para ele, não está claro do que foi praticado. Então, como uma forma de demonstrar a sua colaboração com a justiça, orientamos ou entregamos de maneira voluntária a justiça”, comenta.
Neri destacou que o cliente é primário e possui bons antecedentes, o que, tecnicamente, não justificaria a manutenção da prisão. A defesa planeja solicitar a revogação da prisão preventiva, com base nos elementos que serão produzidos durante o processo.
“É uma pessoa que é primário, tem bons antecedentes, por evidente. Trata-se de um fato que tem uma gravidade subjetiva, isso não pode manter a prisão de alguém Isso daí é uma avaliação técnica que é feita pela defesa. E nós vamos pedir que essa medida seja revogada”, fala.
Em relação a relação de Menezes com a vítima assassinada, o advogado afirmou que era uma relação positiva, sem problemas aparentes. Amigos e familiares do suspeito também atestaram sua calma e compaixão, o que torna a situação ainda mais confusa. Neri ressaltou que o homem havia pedido a mão da mulher em casamento dias antes do fato, o que de acordo com a defesa, contrasta com a suspeita de envolvimento no crime.
“Não teve nenhum problema que as pessoas pudessem dizer que naquela relação existia um problema, que era bombardeada de brigas, de situações. Tanto é que dias antes do fato ter ocorrido, ele pediu a mão dela em casamento”, conclui.
A defesa aguarda a conclusão do inquérito policial e a decisão do MPAC sobre a denúncia contra o cliente. Neri também planeja solicitar a revisão das medidas restritivas impostas a Menezes, como a prisão preventiva, na busca de alternativas menos severas. O desfecho do caso ainda permanece em aberto.
Relembre o caso
Ketilly Soares de Souza, de 33 anos, foi morta a facadas na residência no bairro Vila Acre, em Rio Branco. O principal suspeito do feminicídio é o noivo, Simey Menezes Costa, que estava foragido desde então.
O crime foi descoberto no domingo, quando a vítima foi encontrada sem vida dentro da residência por uma prima. A Polícia Civil (PCAC), por meio da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), iniciou imediatamente as investigações para esclarecer os fatos e capturar o suspeito. A delegada Juliana De Angelis, responsável pelo caso, detalhou as ações realizadas até o momento.
Canais de ajuda
Metade dos brasileiros conhece ao menos uma mulher vítima de violência doméstica, por isso, se você que está lendo essa matéria estiver passando por agressão física, violência sexual, psicológica ou patrimonial ou conhece alguma mulher que esteja, entre em contato com as centrais de ajuda:
Centro de Atendimento à Vítima (CAV): Rua Marechal Deodoro, 472, Prédio-Sede do Ministério Público – cav@mpac.mp.br – (68) 99993-4701;
Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam): Via Chico Mendes, 803 – Triângulo (ao lado do Deracre) – (68) 3221-4799;
Centros de Referência de Assistência Social (Cras);
Sobral: Rua São Salvador, 125 – (68) 3225-0787;
Calafate: Estrada Calafate, 3937 – (68) 3225-1062;
Bairro da Paz: Rua Valdomiro Lopes, 1728 – (68) 3228-7783;
Vitória: Rua Raimundo Nonato, 359 – (68) 3224-5874;
Tancredo Neves: Rua Antônio Jucá, 810 – (68) 3228-1334;
Santa Inês: Rua da Sanacre, 1327 – (68) 3221-8311;
Triângulo Velho: Rua Flávio Baptista, 200 – (68) 3221-0826;
Casa Rosa Mulher: Rua Nova Andirá, 339 – Cidade Nova – (68) 3224-5117;
Serviço de Atendimento à Violência Sexual: Maternidade Bárbara Heliodora – Travessa da Maternidade – Bosque;
Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência Física: Upas Sobral, Segundo Distrito, Cidade do Povo e Pronto-Socorro;
Ministério Público – Centro de Atendimento à Vítima (CAV): sede – R. Mal. Deodoro, 472 – Centro – (68) 3212-2000;
Defensoria Pública – Núcleo de Atendimento às Mulheres em Situação de Violência: Av. Antônio da Rocha Viana, 3057 – (68) 3215-4185;
Denúncias contra violência mulher – Disque 180.
Com informações complementares do repórter Luan Rodrigo para a TV Gazeta e o Agazeta.net