MAIS TRABALHO
Vamos ser claros em relação à CPI da Energisa. A oposição, percebendo um motivo legítimo, viu na carestia das “contas de luz” uma forma de desgastar o governo. Não é apenas uma pauta popular. Dialoga também com o empresariado em vários segmentos. Mas, a questão do valor é apenas um dos pontos que deveriam ser debatidos. A composição do valor das “contas de luz” é mais ampla. Quisessem os deputados fazer uma discussão madura e consequente, os nobres parlamentares teriam muito mais a fazer. Muito mais a discutir. Encher as galerias com representantes do movimento popular rende imagens e constrangimentos que responde à agenda política, mas não abarca o problema na íntegra.
MAIS TRABALHO II
Só para lembrar um aspecto do problema, existem vários casos de cobrança desproporcional de energia que foram acabar na Justiça e a antiga Eletroacre sempre negociou. Discutir com transparência e critério um determinado problema de ordem pública é legítimo e, nesse aspecto, a CPI é correta. Mas é preciso dar ao problema a dimensão que ele possui na integralidade e não apenas o que atende à agenda eleitoral.
MAS…
O dia agitado da Aleac ontem (16) acabou servindo para expor várias nuances dos bastidores do Legislativo. A primeira foi que o Palácio Rio Branco soube usar a maioria que possui o plenário: manobrou, quebrou o quórum regimental que exigia o mínimo de 13 parlamentares em plenário como norteia o regimento. A manobra manteve 12. O relatório nem chegou a ser lido e, portanto, a CPI não foi instalada.
POR QUÊ?
O bastidor que expôs detalhes importantes tenta explicar essa coesão da base. Antes da sessão, um café da manhã, organizado pela dupla formada pelo vice-governador, Wherles Rocha, e pelo agora articulador político do atual Palácio Rio Branco, Ney Amorim. Os dois, aliás, já demonstraram competência desde a campanha eleitoral. E seguem com ações eficazes. A unidade na retórica e os argumentos mais afiados foram combinados na Casa Rosada. Tudo normal e legítimo. Só não soou bem para o povo que estava representado pelas associações de moradores que gritava “traidor” a todo deputado que se posicionava contra a instalação da CPI.
LÍDER
Outro detalhe que o processo relacionado à instalação da CPI expôs está relacionado à questão do líder do Governo na Assembleia. É quase consenso entre os parlamentares a inadequação do atual ocupante do cargo, deputado Gehlen Diniz (PP), na condução dos trabalhos. “Não dialoga”, constatam os colegas de tribuna de Diniz. Ontem, o que ficou sugerido foi que o parlamentar que parece estar disposto a ocupar a liderança é Luiz Tchê (PDT). Não apenas retirou o nome da lista dos que apoiavam a instalação da CPI, mas saiu do plenário em momentos estratégicos para manutenção do quórum abaixo do que exige o regimento. “Tchê traidor do povo” foi o cartaz mais cortês que o protesto popular expôs. Mas Tchê como líder é, de fato, apenas uma especulação.
LÍDER II
Conversando com lideranças da oposição, outro nome sempre lembrado em relação à liderança do Governo na Casa é o de José Bestene. “Já presidiu a Casa e é talhado para o diálogo”, observam. Mas pesam contra Bestene recentes desgastes na relação com o Palácio Rio Branco, como a questão envolvendo a nora na Agência Reguladora do Acre e vazamentos de áudio que colocaram em xeque a fidelidade do parlamentar com o governo Gladson.
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