Nos últimos dias, muito se falou sobre lavagem de dinheiro, a Faria Lima e postos de combustíveis. Mas como esse dinheiro circula sem ser rastreado? É exatamente isso que a coluna vai tentar te mostrar hoje: uma explicação simples e direta sobre como funciona a lavagem de dinheiro.
Para começarmos, imagine que um grupo de traficantes ganha muito dinheiro vendendo drogas. Esse dinheiro está “sujo”, porque veio de um crime. Eles não podem simplesmente colocar todo esse dinheiro no banco, senão a polícia e a Receita Federal vão perceber. Então, precisam de um jeito de fazer esse dinheiro parecer “limpo”.
Aqui começa o que chamamos de lavagem de dinheiro. É como se você tivesse tinta preta nas mãos e precisasse lavar várias vezes até parecer que está tudo limpo.
Os traficantes começam guardando o dinheiro sujo em lugares que parecem normais, como lojas, padarias e postos de gasolina. Esse é o primeiro passo: fazer o dinheiro do tráfico parecer que vem de negócios comuns.
A lavagem de dinheiro sempre envolve perdas pelo caminho, porque é preciso “investir” em negócios, lojas e operações para que o dinheiro sujo vá se tornando legal.
Sabendo disso, os traficantes buscam maneiras de maximizar o lucro.
Para isso, foram além e passaram a vender combustível adulterado, misturando gasolina e etanol com metanol, substância perigosa que danifica motores.
Nos papéis, parece que estão vendendo combustível legal, mas, na prática, estão transformando dinheiro do tráfico em dinheiro de posto de gasolina.
Depois entra a parte digital. Os traficantes usam fintechs, que são empresas digitais de serviços financeiros, e que de maneira diferente dos bancos, não têm tanto controle sobre cada transação.
Aproveitando isso, eles utilizam “conta-bolsão”, em que se mistura dinheiro de várias lojas em uma única conta. É como se você colocasse dinheiro de várias pessoas na mesma caixa, sem identificar de quem é cada moeda.
A polícia e a Receita têm dificuldade para rastrear a origem do dinheiro.
Com o dinheiro já “disfarçado”, os traficantes compram coisas legais: caminhões, fazendas, usinas, imóveis e até mansões.
Para não aparecer que são os donos, usam fundos de investimento e empresas de fachada. Nos papéis, parece que outra pessoa é a proprietária, mas, na prática, o dinheiro continua sob controle deles.
Criam dezenas de fundos, movimentando bilhões de reais e comprando de tudo: caminhões, portos e imóveis de luxo.
No final, o dinheiro do tráfico e do combustível adulterado circula como se fosse legal. Ele paga funcionários, sustenta negócios que parecem normais e financia novas operações do crime.
Para quem observa de fora, tudo parece legítimo. Mas por trás das fachadas, continua sendo o mesmo dinheiro sujo, apenas transformado em aparência de legalidade, um ciclo que mistura crime, dinheiro e impunidade de forma quase invisível.




