Três já morreram; seguranças e familiares dizem ter medo
Uma doença misteriosa pode ter matado dois presos na Unidade Penitenciária Manoel Nery da Silva, em Cruzeiro do Sul, e um familiar de um deles. A doença ainda desconhecida por autoridades da Saúde e direção da unidade vem causando pânico entre familiares, polícia e agentes penitenciários que cuidam da segurança dos detentos. As três mortes ocorreram entre outubro e novembro.
Os sintomas, segundo os agentes penitenciários que acompanharam os casos, começam pelos pés, passando para panturrilha, subindo para os joelhos até a pessoa não ter mais nenhum movimento nas pernas devido a uma forte dormência.
“Trabalhamos com medo. Não temos nenhuma proteção para trabalhar. A realidade é que estamos em pânico. Não nos deram luvas, nem máscaras e nem álcool. Mesmo sem sabermos como essa doença pode ser transmitida, mas queremos ter prevenção”, disse um agente penitenciário que não quis ter o nome revelado.
Os presidiários mortos Paulo dos Santos Rocha, 20, e Daniel Souza da Silva, 24, ainda chegaram a ser atendidos nas unidades de saúde. Daniel, inclusive, foi encaminhado para a Unidade da Tratamento Intensivo (UTI) em Rio Branco, mas não resistiu. A irmã dele também morreu com os mesmos sintomas.
“Pedimos aos presos que relatem todo o ocorrido aos familiares para uma providência ser tomada. A família também tem medo de entrar no presídio. Quando o preso foi encaminhado para Rio Branco, as pessoas que o acompanharam não tiveram proteção”, comentou o agente penitenciário.
Na semana passada, quatro presos foram encaminhados à unidade de saúde em Cruzeiro do Sul com sintomas iguais. Lá, foram coletas amostras para realização de exames que foram levados para laboratórios em São Paulo. O mesmo foi feito com os três mortos onde líquidos da coluna e amostras de fígado, baço e pulmão, já foram enviados ao Instituto Carlos Chagas, em Belém (PA). O resultado deve sair em 90 dias.
“Nesses três meses como ficaremos? Vamos reunir a categoria para pressionar a direção a cuidar desse caso. Se é área de risco, a direção deve fornecer material para a gente trabalhar com segurança”, ressaltou o agente.
No final da manhã desta segunda-feira, 2, mulheres e mães de presos foram até a sede do Ministério Público, no município, para pedir providências quanto à solução do problema. A maior reclamação diz respeito ao prazo dado para os resultados dos exames feitos a partir das coletas de amostras no presídio.
A direção da Unidade Penitenciária Manoel Nery da Silva não se pronunciou sobre o assunto.