Foram mais de seis horas de negociação com a polícia
Os dois assaltantes que fizeram 20 reféns ontem (10) em uma casa lotérica em Rio Branco pediram oração aos pastores da Tádio Boas Novas antes de se entregaram à polícia.
Antônio da Silva Feitosa, 21, e Moisés do Nascimento, 26, falaram à rádio que estavam com medo de acontecer alguma coisa no final da operação. Eles se identificaram ao locutor e também revelaram que estavam com os reféns no estabelecimento.
“Crente só confia em outro crente. Não tem ninguém ferido aqui, pastor. Estamos em dois: eu e meu companheiro”, disse Antônio Feitosa na gravação.
Os dois assaltantes que invadiram uma casa lotérica na área central de Rio Branco (AC) se entregaram após seis horas de negociação com policiais nesta quinta-feira (10). Dezenove pessoas, entre clientes e funcionários, foram feitas reféns. Uma funcionária do estabelecimento, que se passou por refém por toda a tarde, foi presa no final da operação suspeita de colaborar com os assaltantes.
Nas negociações os bandidos pediram a presença da mãe, coletes balísticos, almoço, refrigerantes, um representante da Secretaria de Direitos Humanos, cigarros e um táxi com placa de fora de Rio Branco. Cada pedido atendido pela polícia, os assaltantes liberavam uma quantidade de reféns. Dezoito foram liberados em troca de três coletes balísticos e cinco marmitex.
“Os pedidos foram atendidos. Sobre os coletes balísticos, foram atendidos também no primeiro momento, mas não era para ser. O carro não foi negociável”, disse o capitão Geovane Filho, responsável pelas últimas negociações com os assaltantes.
Segundo ele, as técnicas de negociação foram começadas a partir do momento em que os assaltantes mostraram racionalidade. “Nas primeiras horas da crise, os assaltantes entram em um período de irracionalidade. Com o tempo, voltam a pensar. Nesse momento é que começamos a trabalhar com as técnicas de negociação”, explicou.
Os dois assaltantes tinham passagem pela polícia. Antônio da Silva Feitosa, 21, tinha passagens pela polícia por homicídio doloso e Moisés do Nascimento, 26, estava em semiaberto há dez dias.
“Foi muito constrangedor, eu pensava que não ia sair vivo e nem os outros reféns porque eram muitas balas. Eles começaram um pouco violentos, agrediram duas pessoas, mas nada demais”, disse um dos últimos reféns liberados, Marcelo Brito Gomes.
Os bandidos chegaram a efetuar seis disparos, um deles acertou um veículo que estava estacionado em frente da lotérica. Nenhum refém saiu ferido. Todos que eram liberados foram atendidos por equipes do Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) que estavam no local. Duas grávidas e dois policiais estavam entre os reféns.
“Foram momentos horríveis. Ameaçaram a gente todo o tempo e deram muitas coronhadas. Espero que todos possam se salvar”, disse José Carlos, um dos reféns que passou quatro horas nas mãos dos assaltantes.
“Polícia está preparada”, diz secretário
O secretário de Segurança Público do Acre, Ildor Reni Graebner, avaliou como sendo positiva o resultado da operação e disse que a polícia está preparada para enfrentar qualquer situação.
“É uma demonstração para a bandidagem. A polícia está preparada para enfrentar qualquer situação de crise, mas sempre valorizando as vidas. Em todos esses casos, os bandidos sempre escolhem uma pessoa para passar informações. Nesse caso foi a funcionária saiu por último”.
A lotérica fica a 50 metros do quartel geral da Polícia Militar. O Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) foi acionado e a área central de Rio Branco ficou interditada.
Movimento
Aproximadamente 30 pessoas estavam na agência quando os assaltantes entraram no local. Ao observarem o assalto, algumas pessoas que estavam no final da fila para atendimento conseguiram correr para fora do estabelecimento, e conseguiram escapar em razão da proximidade da porta da lotérica.
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