A família do motorista Éder Rodrigues, que desapareceu na manhã desta terça-feira (15) após uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na BR-364, em Rio Branco, questiona a versão oficial do ocorrido e pede justiça. Segundo os familiares, Éder teria sido perseguido por uma viatura descaracterizada, o que teria gerado pânico e o levado a fugir pela mata e se lançar no Rio Acre, onde não foi mais visto.
De acordo com a PRF, a perseguição teve início após os agentes visualizarem um veículo em atitude suspeita. O carro de cor prata estaria com película irregular e parecia estar excessivamente carregado. Ao tentar abordá-lo, o condutor teria acelerado e, momentos depois, abandonado o automóvel e fugido a pé, entrando na mata até alcançar o rio, onde desapareceu. Dentro do carro, foram encontrados mais de 13 mil maços de cigarros contrabandeados.

Versão da família
No entanto, a esposa de Éder, Neide Rodrigues, contesta essa narrativa. Ela afirma que o marido não estava em fuga desde o município de Senador Guiomard, como alegado pela PRF, e que a perseguição foi feita por uma viatura descaracterizada, o que teria assustado Éder, fazendo-o acreditar que estava sendo vítima de um assalto.
“Relatam que ele vinha em fuga desde o Senador Guiomard, sendo que isso aí não é verdade. Quem estava perseguindo ele não era nenhuma viatura caracterizada, era uma viatura disfarçada. Ele ficou com medo que fosse algum bandido e se jogou. E aí, ninguém para socorrer ele”, desabafa Neide.
Ela também critica o tempo de resposta do Corpo de Bombeiros: “O Corpo de Bombeiros foi acionado depois que ele desapareceu, sendo que deveriam ter sido chamados quando ele já estava em perigo no rio. Eu quero justiça, isso não existe.”
Neide reconhece que Éder transportava cigarros, mas nega qualquer outra ligação com atividades ilegais. “Ele realmente estava [com a carga], mas não tinha droga, não tinha arma, nada que justificasse colocar a vida dele em risco. O que fizeram foi um absurdo”, afirma.
Marinilda da Rocha, prima do motorista, reforça a versão da família e acusa as autoridades de negligência. “A gente quer justiça. Foi um pai de família, tem uma criança que está em choque em casa, filhos adolescentes, a esposa está desesperada. O que fizeram foi um assassinato. Ele não se matou, mataram ele”, declara.
Ela também relata dificuldade para obter informações oficiais. “A gente já foi em várias delegacias, mas ninguém sabe de nada. Estão empurrando a gente de um lado para o outro. É como se fosse um cachorro desaparecido, mas é um pai de família que está sumido. Isso é um descaso.”
O Corpo de Bombeiros do Acre confirmou que segue com as buscas no Rio Acre, apesar das dificuldades causadas pelo período de cheia. As informações repassadas à corporação indicam que Éder foi visto pela última vez a cerca de 10 metros da margem oposta do rio, no bairro Cidade Nova. “As informações são poucas e imprecisas, e o rio está com correnteza forte. Mas seguimos com o trabalho”, declarou um representante da equipe. Até o momento, Éder Rodrigues não foi encontrado.
Com informações do repórter João Cardoso para TV Gazeta