A Embrapa Acre será um dos destaques da Agrizone, espaço voltado à agricultura sustentável na COP30, que ocorrerá em Belém (PA), entre os dias 10 e 21 de novembro. A instituição apresentará um conjunto de tecnologias desenvolvidas para a Amazônia, com foco na produção sustentável e no enfrentamento das mudanças climáticas.
“Ante os desafios atuais que as mudanças climáticas impõem à agricultura, estudos e pesquisas que desenvolvem tecnologias produtivas sustentáveis e resilientes às alterações do clima, com enfoque na melhoria de vida dos produtores rurais, comunidades tradicionais e povos indígenas, são estratégicas para o Brasil e para o Acre”, explicou o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologias da Embrapa Acre, Daniel Lambertucci, em entrevista ao Agazeta.net.
Sistema Guaxupé: pecuária sustentável desenvolvida no Acre
Um dos principais destaques da Embrapa Acre será o Sistema Guaxupé, modelo de produção pecuária de baixo impacto ambiental desenvolvido ao longo de mais de duas décadas em parceria com produtores do estado. O sistema combina diversificação de forrageiras, consórcio com leguminosas como o amendoim forrageiro e manejo proativo de pastagens, resultando em pastos mais produtivos e duradouros.
“O sistema surgiu a partir de trabalhos de pesquisa participativa em três propriedades do Acre, em um momento crucial da pecuária acreana, quando os pastos começaram a morrer pela ocorrência da Síndrome da Morte do Braquiarão”, explicou Lambertucci. “Esses experimentos criaram um grande vínculo entre a Embrapa e os pecuaristas e deram origem a um conjunto de tecnologias que traz intensificação sustentável à produção pecuária”, completou.
Segundo o pesquisador, a adoção do sistema proporciona aumento de até 30% na produtividade de carne e bezerros por hectare e reduz significativamente as emissões de gases de efeito estufa. “Essa redução é alcançada porque o ganho de peso do animal ocorre em menor tempo e em uma mesma área, o que resulta em menos emissão por quilo de carne produzida”, destacou.
O desafio da adoção e a visão de futuro
Para Lambertucci, o maior desafio na ampliação do uso do Sistema Guaxupé está na introdução do amendoim forrageiro nas pastagens. “A oferta de sementes ainda é restrita e onerosa, o que dificulta o plantio em larga escala. Por isso, temos trabalhado com viveiros comerciais e capacitações para facilitar o acesso dos produtores”, explicou.
Ele também reforça que a pecuária sustentável tem papel estratégico na Amazônia. “A produção pecuária brasileira é uma das mais sustentáveis do mundo, e o produtor amazônico já mantém de 50% a 80% de sua propriedade intacta. O que precisamos é fortalecer práticas que aumentem a produtividade e reduzam a necessidade de abrir novas áreas”, pontuou.
Amazônia como exemplo de sustentabilidade
A presença da Embrapa Acre na COP30 simboliza o esforço da ciência brasileira em conciliar produção e conservação. “O conceito que queremos levar é de que a pecuária é parte da solução, e não do problema. As práticas sustentáveis trazem rentabilidade ao produtor e reduzem a pressão por desmatamento”, concluiu Lambertucci.
Além do Sistema Guaxupé, a Embrapa Acre também apresentará tecnologias como o Netflora, que utiliza inteligência artificial e drones para mapear florestas e identificar espécies, e projetos voltados à bioeconomia e sistemas agroflorestais que integram produção agrícola e preservação ambiental



