No dia 11 de julho aconteceu a Oficina de Criação de Zines como proposta de metodologia ativa e decolonial do ensino de História, realizada no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre – Campus Rio Branco, pelo Coletivo Artístico Errantes e pelo Professor João Cabral, que leciona a disciplina de História e é o facilitador de outras ações dos Errantes pelo Ifac.
A ação ocorreu no turno vespertino com alunos do segundo ano do Ensino Médio como proposta pedagógica e orientada visando à decolonialidade no Ensino de História, com o tema Grandes navegações e sistema colonial nas Américas, os artistas-educadores Diego Fontenele, Lucas Santos Nobre e Mariana Maia trabalharam de forma a propor uma atividade diferente: a produção de histórias ilustradas sobre o tema, contando uma visão não colonial dos fatos, visando ao lado do colonizado e não do colonizador. Essa abordagem permite ir além da narrativa eurocêntrica tradicional, promovendo uma compreensão mais crítica, complexa e humana da história.
Essa proposta se ver necessária para romper com ensino colonial e eurocentrista passado nos livros didáticos e nas mídias como filmes e jogos digitais, que dão ênfase na ideia do navegante descobridor de terras improdutivas até a chegada do homem branco e do progresso e de “indígenas selvagens” quase sempre retratados de forma não humana.
A perspectiva decolonial desafia a visão de que a história é contada apenas pelos vencedores. Ao invés de apresentar as Grandes Navegações como um processo linear de “descoberta” e “progresso”, ela questiona os termos e os silêncios dessa narrativa.
“Zine” é a abreviação de “fanzine” que é uma variação da palavra “magazine”, que significa revista. No caso, “fanzine” seria uma produção com teor claro de recontar uma história ou homenagear uma obra ou um produto ao qual se é fã. O zine já como abreviação acaba por não se limitar a meras recontagens e releituras, dando assim mais liberdade para a produção, que pode ser, impressa, manual, textual, ilustrada, colorida, em colagens e etc.
Modelo de Fanzine produzido por Mariana Maia por impressão

A forma como os Errantes optaram por proceder foi a manual, com dobraduras de papel A3 e ilustrado com materiais convencionais de pintura, como lápis, canetas, pincéis, giz e guaches. O zine seria no estilo Pocket de dobraduras com oito páginas, utilizando cola branca escolar para fechar as aberturas.
Referência usada para confecção de zine

A turma foi levada ao refeitório do Campus e lá aconteceu a oficina, os estudantes já estavam familiarizados com o tema, então os Errantes explicaram como funcionaria a atividade bem como auxiliaram na produção e confecção dos zines, sempre orientando sobre como fazê-los dentro de uma lógica decolonial.
Os alunos se empolgaram e alguns produziram de uma maneira mais livre, porém, todos estavam envolvidos criando. A expressão artística no domínio do assunto pelos adolescentes nesta atividade foi surpreendente. Alguns usaram traços mais arredondados como livros para colorir, outros mais rabiscados como se fosse um storyboard, outros focaram as produções na escritas e outros narraram suas histórias em estilo japonês como um mangá.
A oficina de Zine foi uma grande aprendizagem não somente para os alunos como também para os oficineiros que puderam ver na prática a gama de possibilidades positivas que a produção orientada de forma assertiva e decolonial pode resultar com os adolescentes, pois existe uma necessidade para formar indivíduos capazes de compreender e atuar de forma consciente em um mundo marcado pelas heranças do colonialismo. Essa abordagem permite que a história seja uma ferramenta de transformação, e não apenas de reprodução de discursos.
A seguir alguns vídeos produzidos na oficina:
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TELLING TALES. How to fold a zine, 1 abr. 2016. Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/how-to-fold-a-zine–570057265342000623/. Acesso: 18 jul. 2025.
Diego Fontenele – Licenciando em História na Universidade Federal do Acre (Ufac). Artista visual do Coletivo Errantes.