No Peru, grupo acriano é recebido com apresentações
Vinte funcionários da escola Leôncio de Carvalho localizada no Km 8 da Rodovia AC-40, bairro Vila Acre, participaram do projeto “Intercambio Cultural Pedagógico e de Gestão” entre instituições do Peru e Brasil.
A iniciativa surgiu da vontade que os funcionários tinham em conhecer o país vizinho. Conforme a ideia foi sendo desenvolvida, o foco mudou, e o objetivo se transformou na busca de obter um “intercâmbio acadêmico-cultural e de trocas de experiências entre os países”.
“A importância da viagem era a aproximação de realidades escolares, no conhecimento e convívio com outra cultura, pois é na convivência com outro que o aprendizado ganha sentido”, disse o coordenador da escola e um dos responsáveis pelo projeto, Aníbal Chávez.
Os aprendizados
Segundo o coordenador, o que chamou muito a atenção da equipe acriana foi a organização escolar com participação efetiva dos pais dos alunos. Aníbal conta que nas escolas públicas do Peru os pais desempenham um papel importante, influenciando diretamente nas decisões da diretoria da escola.
É comum, por exemplo, os pais pagarem uma taxa no início do ano. Esse valor serve para realizar as festinhas durante o ano, a exemplo do dia dos pais, dos mestres, e também para eventuais problemas de infraestrutura que necessitem ser resolvidos rapidamente.
Outro fator curioso é a infraestrutura das escolas. Apesar de não possuírem ventilador nem ar-condicionado, elas são construídas de forma que sejam ventiladas e espaçosas, diminuindo gastos com energia.
Além disso não há gastos com mão de obra para a limpeza dos espaços. “É da cultura deles que a responsabilidade de manter as salas limpas seja dos alunos. O diretor de uma das escolas visitadas explicou que é feito um rodízio para ser feito o serviço.
Ninguém reclama ou se incomoda com tal ação, na verdade os alunos manifestaram que se sentem uteis em servirem a escola”, disse Aníbal.
O abandono escolar, a repetência e a desistência são casos incomuns. Poucos alunos apresentam problemas de aprendizado. Estes, geralmente, não têm o acompanhamento da família.
“Esta situação acontece nas famílias saídas do interior de outras cidades do Peru, que vão em busca de melhores condições de vida. Como eles têm que trabalhar no garimpo e na exploração de madeira, acabam repassando a responsabilidade da ‘criação’ dos filhos mais novos aos filhos mais velhos, e são estes que em geral apresentam dificuldades em aprender”, explicou o coordenador.
Gentileza gera gentileza
O tratamento dos peruanos chamou muito a atenção da equipe brasileira, que espera retribuir pelo menos uma parte do que foi feito a eles, já que está prevista a vinda de uma equipe do Peru ao Brasil em 2015. “Inicialmente, o custo por pessoa, incluindo transporte, alimentação e guia turístico seria de cento e trinta reais.
Mas, no final do dia, o passeio ficou a custo zero. Nós andamos três quilômetros em uma trilha, cheia de lama, e eles (os peruanos) carregaram o almoço para 20 pessoas. Nossa retribuição será trazê-los pra cá no próximo ano, e fazer por eles, não o que eles fizeram por nós, porque foi muita coisa, mas tudo que nos for possível, como a estádia, o alimento e uma ótima recepção”, prometeu.