O Acre registrou mais uma vítima de feminicídio na Vila do Incra, em Porto Acre, neste domingo (26). Cibelly Silva Rodrigues, de apenas 18 anos, foi assassinada a facadas pelo próprio companheiro, Francisco Jeremias da Silva, de 39 anos, que tirou a própria vida após o crime. O caso é o 12° feminicídio no estado em 2025.
A informação da polícia é que após uma discussão, Francisco Jeremias desferiu pelo menos três facadas na esposa, na região do peito e também do abdômen. Em seguida, ele fugiu e teria tirado a própria vida, depois de ir até a casa de um irmão.
Cibelly era mãe de duas crianças, uma com oito meses de idade e outra com apenas três anos. O irmão da vítima foi quem encontrou o corpo, onde as duas crianças estavam. A Polícia Militar e o Instituto Médico Legal (IML), foram acionados e o corpo de Cibelly foi levado para Rio Branco, para depois ser liberado para a família.
Casos de feminicídio no Acre
O feminicídio é um crime que ocorre em um ambiente de violência doméstica e familiar, e costuma ser o resultado de uma série de violências que a mulher vem sofrendo ao longo do tempo. Esse é o 12° caso no estado em 2025, os três últimos feminicídios aconteceram no intervalo de apenas uma semana, sendo o 10° no domingo (19), em Feijó, e o 11° em Cruzeiro do Sul, na última sexta-feira (24).
Dados do Ministério Público do Acre (MPAC) de feminicídios consumados apontam que a maior parte desses casos aconteceram no interior do estado:
- Mâncio Lima – 1
- Rio Branco – 3
- Capixaba – 1
- Senador Guiomard – 1
- Tarauacá – 2
- Cruzeiro do Sul – 2
- Porto Acre – 1
- Feijó – 1
Políticas públicas são necessárias
Nas redes sociais, a advogada e conselheira do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, Tatiana Martins, aponta que a sociedade ainda banaliza mortes de mulheres, casos de feminicídio não tem a mesma comoção social que outros tipos de situações.
“Elas não fizeram nada, não entraram na bandidagem, não foram para o tráfico, não roubaram, elas estavam sendo mães e esposas, e foram assassinadas por isso, e ainda assim, não causa nenhum clamor público. A sociedade não fica estarrecida com esse crime, que é cruel, inescrupuloso, e covarde, ao tirar a vida delas dentro de suas próprias casas”, disse.
Para Tatiana Martins, é necessário que o governo do Estado invista em Organismos de Políticas para Mulheres, as OPMs, nos municípios, em especial no interior, onde concentra a maior parte dos casos de feminicídio.
“O que a gente precisa é que o governo cobre as OPMs dos interiores, porque a Secretaria da Mulher não vai conseguir resolver tudo sozinha. Não é assim que funciona uma administração, ela tem que estar integrada com todas as demais secretarias e com as OPMs do interior. Praticamente todos os municípios tem casos de feminicídio. Mulheres morrendo pelo fato de serem mulheres, é necessário políticas públicas efetivas”
Canais de ajuda
Para combater a violência de gênero, é essencial que mulheres tenham acesso a redes de apoio e proteção. O acolhimento da vítima é essencial para romper o ciclo de violência e desvincular-se do agressor. É fundamental contar com uma rede de suporte, que pode incluir familiares e amigos, além de serviços especializados que oferecem assistência jurídica e psicológica.
- As vítimas podem procurar a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) pelo telefone (68) 3221-4799 ou a delegacia mais próxima.
- Também podem entrar em contato com a Central de Atendimento à Mulher, pelo Disque 180, ou com a Polícia Militar do Acre (PM-AC), pelo 190.
- Outras opções incluem o Centro de Atendimento à Vítima (CAV), no telefone (68) 99993-4701, a Secretaria de Estado da Mulher (Semulher), pelo número (68) 99605-0657, e a Casa Rosa Mulher, no (68) 3221-0826.
Violência contra a mulher: saiba onde pedir ajuda ou buscar orientação no Acre
Com informações da repórter Rose Lima, para TV Gazeta e editada pela repórter Natália Lindoso, para o Agazeta.net



