O julgamento de Djavanderson de Oliveira Araújo, de 20 anos, acusado de feminicídio contra Juliana Valdivino da Silva, 18 anos, foi adiado. Marcado para esta sexta-feira (24), o tribunal em Paranatinga, no Mato Grosso, precisou remarcar a sessão devido à situação de calamidade pública que atinge a cidade após fortes chuvas. O novo julgamento foi agendado para a próxima quarta-feira (29), às 12h (horário local).
O crime aconteceu em 9 de setembro de 2024, em Paranatinga, a 411 quilômetros de Cuiabá. Na ocasião, Djavanderson teria queimado a namorada viva após uma discussão. Juliana sofreu queimaduras em 90% do corpo e faleceu 15 dias depois no hospital. O acusado também ficou com 50% do corpo queimado e foi preso enquanto ainda estava internado.
Em entrevista, o advogado Rômulo Ferreira, assistente da acusação, confirmou que o crime foi planejado e reforçou o histórico de violência psicológica sofrida por Juliana. “Ela já vinha sendo ameaçada e sofrendo violência psicológica. A mãe chegou a alertá-la, e no dia do crime, Juliana fez uma ligação dizendo que, se algo acontecesse, seria no endereço onde ela foi encontrada. Ele comprou o combustível e premeditou o crime”, explicou.

A vítima já demonstrava intenção de pedir uma medida protetiva contra o namorado, mas não teve tempo de concretizar a solicitação. Segundo o advogado, Juliana já apresentava sinais de medo devido ao comportamento controlador e narcisista do acusado.
A acusação busca a pena máxima para Djavanderson, enfatizando a brutalidade do crime e a necessidade de um exemplo para a sociedade. “Um crime dessa magnitude não pode ficar impune. Esperamos que a justiça seja feita para que casos assim não se repitam. Estamos trabalhando para alcançar a punição mais severa possível”, declarou Ferreira.
Ainda que as leis tenham sido fortalecidas para crimes de feminicídio em setembro de 2024, o crime ocorreu antes da entrada em vigor da nova legislação, o que impede a aplicação do aumento de pena para este caso específico.
Impacto das chuvas em Paratinga

O adiamento do julgamento foi causado pelas fortes chuvas que atingiram Paranatinga, provocando o transbordamento dos rios Paranatinga e Xavantino, no Mato Grosso. A cidade está em estado de calamidade pública, com áreas inundadas e dificuldades de deslocamento. Essa situação impediu a chegada de testemunhas e do próprio réu ao fórum.
Agora, a família da vítima e os advogados aguardam o novo julgamento. A expectativa é que, na próxima quarta-feira, a justiça comece a ser feita.
Canais de Ajuda
A denúncia e o rompimento do ciclo de violência são passos desafiadores, mas necessários, que demandam suporte de familiares, amigos e instituições especializadas. O acolhimento da vítima é essencial para romper o ciclo de violência e desvincular-se do agressor.
As vítimas podem procurar a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) pelo telefone (68) 3221-4799 ou a delegacia mais próxima.
Também podem entrar em contato com a Central de Atendimento à Mulher, pelo Disque 180, ou com a Polícia Militar do Acre (PM-AC), pelo 190.
Outras opções incluem o Centro de Atendimento à Vítima (CAV), no telefone (68) 99993-4701, a Secretaria de Estado da Mulher (Semulher), pelo número (68) 99605-0657, e a Casa Rosa Mulher, no (68) 3221-0826.
Com informações da repórter Wanessa Souza para TV Gazeta