Motoboys se reuniram na Praça do Juventus nesta segunda-feira (24) para protestar contra a agressão sofrida por um colega de profissão no último sábado (22). O grupo seguiu em carreata até a Superintendência Geral da Polícia Civil, a Delegacia Geral e o Ministério Público para cobrar providências sobre o caso.
A manifestação ocorre após o entregador Anderson Lopes, de 19 anos, ser agredido por um policial civil enquanto trabalhava no bairro João Eduardo. O jovem fazia uma entrega quando colidiu com um carro e iniciou uma discussão com um terceiro, que não estava envolvido no acidente. Durante o desentendimento, um policial civil identificado como Carlos Brilhante, que fazia segurança particular em uma loja de açaí próxima, interveio com uma arma em mãos e agrediu Anderson com um chute.
A cena foi registrada em vídeo e amplamente divulgada nas redes sociais. Segundo relatos de testemunhas e da própria vítima, a agressão não parou ali. Após cair no chão e sentir fortes dores, Anderson teria sido novamente agredido com um tapa no rosto e ordenado a permanecer no chão. “Fui agredido por quem deveria me proteger. Eu estava trabalhando, foi um acidente, poderia acontecer com qualquer outra pessoa” diz o motoboy agredido por policial.
Mesmo após a agressão, o jovem decidiu concluir suas entregas antes de registrar um boletim de ocorrência. Na delegacia, o policial civil tentou pedir desculpas, mas Anderson não aceitou. Agora, os motoboys exigem que a Corregedoria da Polícia Civil e o Ministério Público investiguem o caso e punam o agressor.
O caso gerou revolta entre os trabalhadores, que denunciam um histórico de agressões contra motoboys no estado e em todo o Brasil. Um dos colegas de Anderson destacou a precariedade da profissão e a vulnerabilidade dos entregadores diante da violência urbana e de ações abusivas por parte de agentes públicos.

“Nós trabalhamos no sol, na chuva, enfrentamos humilhações dos clientes e ainda corremos risco de assaltos. Agora, sofremos agressão de quem deveria nos proteger. Esse movimento é para cobrar justiça e garantir que isso não se repita.”
Paulo Farias, representante dos Moto Uber, afirmou que o caso já está sendo acompanhado pelo governo do estado e que medidas serão tomadas. “Tivemos uma reunião com o assessor do governador, Luiz Calisto, e com o diretor-geral da polícia. Eles garantiram que serão abertos dois inquéritos, um administrativo e outro criminal, e que o Ministério Público também atuará no caso. O prazo para a conclusão da investigação é de até 30 dias.”
Além disso, ele ressalta que o protesto não é apenas por Anderson, mas por todos os trabalhadores da categoria. “Hoje foi um motoboy, amanhã pode ser um Moto Uber, um entregador, qualquer um de nós. Estamos aqui para lutar por justiça e pedir que os responsáveis sejam punidos.”
A Polícia Civil ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso.