O infectologista Thor Dantas fez um alerta público sobre o avanço de casos graves de HIV/Aids entre jovens no Acre, chamando a atenção para a necessidade de ações urgentes de prevenção, diagnóstico e tratamento. A manifestação foi feita em vídeo publicado nas redes sociais durante o Dezembro Vermelho, mês de conscientização sobre a doença.
No vídeo, o médico relembra que a Aids é uma pandemia com mais de 40 anos e que, apesar dos enormes avanços da ciência, o cenário atual no estado preocupa. Segundo ele, o serviço de referência onde atua registrou, ao longo deste ano, um aumento significativo de internações de pacientes jovens com quadros avançados, inclusive com óbitos.
“Não é aceitável essa realidade mais em 2025”, afirmou.
Diagnóstico chega tarde
O infectologista destacou que hoje o HIV é considerado uma doença crônica, com tratamento eficaz e acessível. Com acompanhamento adequado, pessoas vivendo com o vírus podem ter qualidade e expectativa de vida iguais às de quem não tem a infecção.
“Quem se cuida, toma seus remédios e faz seus exames, tem qualidade e tempo de vida exatamente igual a quem não tem a infecção”, explicou.
Apesar disso, Thor Dantas alertou que muitos jovens ainda estão descobrindo o diagnóstico tardiamente, quando a doença já está em estágio avançado.
Comunicação com jovens
Entre as medidas consideradas prioritárias, o médico defendeu uma nova estratégia de comunicação, voltada diretamente para a juventude, com linguagem atual e presença forte nas redes sociais.
“É preciso campanhas modernas e eficientes, usando redes sociais, parcerias com influenciadores, artistas e personalidades”, disse.
Segundo ele, as campanhas devem explicar como a doença se transmite, como se previne, como é o tratamento atualmente e quais são as consequências da falta de diagnóstico e acompanhamento.
Ampliação da PrEP e PEP
Outro ponto central do alerta é a ampliação da chamada prevenção combinada, especialmente o acesso à PrEP (profilaxia pré-exposição), medicamento que reduz significativamente o risco de infecção pelo HIV.
“Se fosse usada por quem precisa, evitaria um grande número dessas mortes que estamos vendo entre jovens”, afirmou.
Thor Dantas lembrou que o Acre foi o último estado do país a adotar a PrEP pelo SUS e que, mesmo após a implantação, o número de usuários ainda é muito baixo. Ele defende que o medicamento esteja disponível também na atenção primária, nas unidades básicas de saúde.
O médico também destacou a importância da PEP (profilaxia pós-exposição), que deve ser tratada como emergência médica e estar disponível 24 horas por dia em unidades de pronto atendimento.
Testagem e tecnologia
Para evitar diagnósticos tardios, o infectologista reforçou a necessidade de ampliar a testagem rápida, levando os exames para espaços como universidades, festas, eventos culturais e locais de grande circulação.
“As pessoas precisam ser estimuladas a se testarem todas as vezes na vida que tiveram relação sem camisinha”, afirmou.
Ele também defendeu o uso de novas tecnologias, com parcerias com plataformas digitais e aplicativos de relacionamento para divulgar informações sobre prevenção, testagem e acesso aos serviços de saúde.
“O desafio é grande, mas as ferramentas existem. Precisamos agir. Não é possível mais ver tantos jovens morrendo de uma doença como essa hoje em dia”, concluiu.
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